Jovens escritores falam sobre literatura na era digital e paixão por livros

 Os perfis dedicados a livros e editoras usam as redes sociais para se conectar com o público

Divulgação
fonte

Nesta quinta-feira (25/07), o país comemora o Dia Nacional do Escritor, uma data que serve para reconhecer e valorizar os autores que dedicam suas vidas a criar histórias e transmitir emoções por meio da literatura. Com o passar dos anos, uma nova geração de escritos, que, mesmo em mundo dominado pelas mídias digitais, continua florescendo no mercado e encontrando na escrita uma forma poderosa de abrir a mente dos leitores e dispostos a traduzir por meio das palavras o mundo que vivemos. Entre eles está Helena Renato Dalfre, de 21 anos, que aborda em suas obras temas como a comunidade LGBTQIA+, família, destino e amores impossíveis.

A escritora e ilustradora paraense começou sua jornada literária na adolescência aos 11. “Sempre gostei muito de ilustrar, mas senti que só desenhar não estava mais conseguindo exprimir minhas ideias. Comecei a escrever sobre personagens que desenhava, tentando explorar suas histórias além das imagens”, relembrou, acrescentando que a irmã mais velha também foi crucial.


Com uma paixão por fantasia e aventura, a jovem escritora encontrou inspiração em clássicos como Vinte Mil Léguas Submarinas de Jules Verne e As Viagens de Gulliver de Jonathan Swift, além de mitologias e contos de fadas que marcaram sua trajetória literária.


Hoje ela está finalizando dois projetos literários que ilustram sua habilidade em combinar fantasia e aventura com temas profundos. Sua obra mais longa, ‘Histórias mais ou menos Fantásticas’, que começou aos 15 anos, está atualmente "marinando" para uma revisão final.

Em contraste, sua nova história, ainda sem título, é inspirada pela época das grandes navegações e aborda a jornada épica de uma mulher apaixonada por uma sereia. "Essa nova obra é tecnicamente mais madura e estou trabalhando para submetê-la a um prêmio literário," revelou.

Helena revelou que gosta de trabalhar com narrativas fantástica e de aventura, com histórias girando em torno de longas viagens ou missões dos personagens, abordando seus conflitos, amores, traumas e passados não resolvidos.

A escritora também coloca em seus contos a questões de identidade e diversidade, com muitos de seus personagens fazendo parte da comunidade LGBTQIA+. "Isso é algo muito importante para mim," destacou.

Questionada sobre os crescimentos das mídias digitais, Helena acredita que os livros ainda mantêm uma presença forte e significativa. "Mesmo com as redes sociais tomando uma parte da nossa rotina, ainda se está lendo muito. Temos perfis dedicados a livros e editoras que usam essas plataformas para se conectar com o público. As redes sociais têm sido uma ponte importante entre editoras e leitores, permitindo debates e trocas de experiências sobre literatura”, defendeu.

Kaylane Gomes, de 18, é autora de diversas antologias, incluindo Sarau Brasil (2019), Semeando Palavras (2021) e Elas, a Poesia, o Infinito (2022). Em 2022, graduanda de Língua Portuguesa também lançou o livro infantojuvenil Coração de Rio, que ela mesma escreveu e ilustrou. O livro, voltado para o público infantojuvenil, aborda a vivência amazônica e transmite uma mensagem sobre a preservação da natureza.

Desde cedo, Kaylane foi influenciada pelo ambiente familiar e escolar, onde desenvolveu um forte encantamento pelas letras. "Dentro de casa e na escola, fui criando esse encantamento pelas letras, cercada de uma verdadeira rede familiar e afetiva que me deu suporte para isso," relatou.

O trabalho de Kaylane se destaca também no cenário das mídias digitais. Ela gerencia a página “Kayversos” no Instagram e Facebook, que começou durante a pandemia. Inicialmente focada em compartilhar suas ideias e escrever para um público, Kaylane está agora planejando novas estratégias.

“Hoje em dia, já penso em novas maneiras de estar presente nesses canais e começar a gravar vídeos para alcançar mais pessoas da minha geração”, afirmou.

Em um contexto em que as livrarias enfrentam dificuldades e a leitura tradicional parece declinar, a jovem escritora observa a ascensão dos perfis de bookstans em plataformas como TikTok e Instagram. Esses perfis têm desempenhado um papel importante em criar uma comunidade literária ativa, capaz de promover livros e engajar novos leitores

“É claro que muitos jovens não são familiarizados com a ‘clássica’ literatura brasileira. Mas, dá para notar em casos como o de uma gringa que bombou após uma resenha de ‘Memórias Póstumas de Brás Cubas’ do Machado de Assis que às vezes só precisamos de um empurrão para ler uma história interessante sem o tal rótulo do obrigatório. Eu acredito que a juventude está encontrando seu próprio jeito de se conectar com o hábito da leitura”, afirmou a estudante.


Fonte: O Liberal 

Texto: Amanda Martins





Nenhum comentário