‘Boiuna’: filme inspirado na história da cobra-grande é produzido no Pará

 Filmagens do curta-metragem têm como cenário a Ilha do Combu e Benevides

Laís Teixeira/ Divulgação
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A cobra-grande existe no imaginário do paraense desde a infância. No filme "Boiuna", inspirado na história da cobra-grande, a narrativa é mais um pano de fundo que a história propriamente contada. As gravações encerram neste mês de julho e tem previsão de lançamento para 2025. A obra tem roteiro e direção assinados por Adriana de Faria, que também é produtora executiva do filme ao lado de Tayana Pinheiro, e coprodução da Marahu Filmes.

Adriana Faria explica que a ideia de trazer essa entidade amazônica tão conhecida para dentro do cinema vem como uma tentativa de desafiar as fronteiras do "regional".

"Só é regional porque é do Norte do país? Muitas vezes fui questionada sobre a inserção desse traço por pessoas de fora e acredito que fazer um filme que envolve essa temática é mostrar que também fazemos parte do Brasil, que o cinema brasileiro também é sobre nossa cultura amazônica e que o que faz os filmes serem universais é a maneira como as pessoas se identificam com eles. Boiúna é uma história de encantamento, das personagens e do público com elas", explica a diretora.

A ideia do curta surgiu a partir da amizade de Adriana com uma mulher que a cuidou na infância. "Ela é de uma das ilhas que circundam Belém e sempre fui impressionada pela combinação da força e da vulnerabilidade que carrega sendo mãe-solo. O filme é uma tentativa de homenageá-la e assim homenagear outras mulheres e meninas amazônidas", destaca Adriana Faria.

A captação do elenco principal, especificamente, iniciou em 2022 quando a diretora entrevistou a multiartista Naieme e a jovem Jhanyffer Santos. Na época, ainda não havia dinheiro para produzir, então esse ano foi retomada a conversa e os testes foram feitos.

“Enquanto sou solar, alegre, falante, viajante, Jaque é fechada, não fala o que sente, é super protetora e projeta na filha seus medos e incertezas. E, no fundo, todas temos um pouco de Jaque; muitas compreenderemos suas ações e outras de nós, julgaremos. Mas o certo é que Jaque se empodera a partir da dor, sem se tornar vítima, mas assumindo o protagonismo e as rédeas de sua vida”, adianta Naieme sobre sua personagem.

A pré-produção aconteceu no período de quatro semanas com a equipe do filme, mas o curta já é pensado e escrito desde 2020. O projeto passou por dois laboratórios de roteiro: o CurtaLab de Pernambuco e foi vencedor como Melhor Projeto Nacional no Laboratório do Curta Cinema, ambos em 2021. Neste ano, com a captação através da Lei Paulo Gustavo foi possível retomar o andamento do projeto desde fevereiro, com a contratação dos mais de quarenta profissionais que participaram dessa parte inicial da produção.

Há inúmeras versões da narrativa da Boiuna nas diferentes localidades do território nortista. Ora entidade espiritual, ora animal transfigurado em embarcação, o fato é que a Boiuna sempre está presente no imaginário amazônico. Adriana de Faria explica que o curta-metragem é uma leitura contemporânea dessa narrativa voltada para o cinema, utilizando-se da ficção para abordar um drama social. As paisagens naturais da Ilha do Combu e o município de Benevides são cenário de “Boiuna”.


Fonte: O Liberal

Texto: Bruna Lima

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