Livro de Márcia Kambeba sobre povo indígena é finalista no Prêmio Jabuti 2023
Escrito por Márcia Kambeba, “O povo Kambeba e a gota d’água” é ilustrado por Cris Eich e concorre na categoria Ilustração do prêmio
“O povo Kambeba e a gota d’água”, livro infantil escrito por Márcia Kambeba e ilustrado por Cris Eich, foi indicado ao Prêmio Jabuti 2023 na categoria Ilustração. A obra está entre os cinco finalistas do prêmio de literatura mais relevante do Brasil.
A 65ª edição do Prêmio Jabuti recebeu, por meio da Câmara Brasileira de Letras (CBL), mais de 4,2 mil inscrições. No total, 21 categorias compõem o prêmio.
O livro de Márcia Kambeba conta a história de origem do povo Kambeba. Segundo a autora, o relato diz que, em uma grande chuva, caíram duas gotas grandes do céu. Uma delas tinha duas gotas menores dentro, o homem e a mulher. Essa gota, então, bateu na folha da Samaumeira - árvore nativa da Amazônia, conhecida como “rainha das matas” - e estourou. Dessa forma, o homem e a mulher nasceram e o povo Kambeba iniciou.
O livro de Márcia Kambeba conta a história de origem do povo Kambeba. Segundo a autora, o relato diz que, em uma grande chuva, caíram duas gotas grandes do céu. Uma delas tinha duas gotas menores dentro, o homem e a mulher. Essa gota, então, bateu na folha da Samaumeira - árvore nativa da Amazônia, conhecida como “rainha das matas” - e estourou. Dessa forma, o homem e a mulher nasceram e o povo Kambeba iniciou.
O nome original do povo Kambeba é Omágua e quer dizer “o povo das águas”. O nome Kambeba veio para denominar a comunidade de “cabeça chata”. “O povo Kambeba é apelido pela remodelação do crânio. Havia um processo de achatamento do crânio quando a criança nascia. Acochavam a frente da cabeça da criança com algodão e era colocada uma prancha, que ia fazendo o processo de achatamento”, conta Márcia.
No livro, Márcia escolheu ampliar o relato primário de origem dos Kambeba. Ela fala que tem a criatividade aguçada e facilidade para produzir, e considera isso uma dádiva divina. “Desde criança que eu tinha essas ideias. Criava as histórias e contava. A minha vó dizia de lá para mim: ‘um dia essa menina vai dar para alguma coisa, acho que vai ser escritora’.”, relembra.
Com “O povo Kambeba e a gota d’água”, a autora convida os leitores não-indígenas a questionarem quem são, quais são suas origens, como seus ancestrais nasceram e de onde vieram. Márcia ressalta que o povo indígena sabe contar sobre suas histórias de origem e que vê beleza em compartilhar com outros sobre a ascendência.
“É importante registrar também essas narrativas para que futuramente, quando eu não estiver mais nesse mundo, o livro fica. Fica narrativa, fica escrita, fica literatura. Isso que é importante. Esse é o papel fundamental da literatura para nós indígenas: o registro, a partilha, o conhecimento que não é só, não fica só com a gente, mas é partilhado com os nossos e com os outros”, explica Márcia.
Sobre a trajetória de Márcia Kambeba
No total, Márcia já publicou oito livros, entre eles “Saberes da Floresta (Insurgências)” (2020), “Ay Kakyri Tama: Eu moro na cidade” (2021) e “De Almas e águas Kunhãs” (2023). A autora também publicou outros livros infantis, além de “O povo Kambeba e a gota d’água”: “Infância na aldeia” (2023) e “O curumim wirá e os encantados” (2023).
Para os próximos livros, Márcia adianta que quer um ilustrador indígena trabalhando com ela.
“Ele também traz o olhar de povo dele, também traz a espiritualidade de povo dele e fica bem melhor, porque fica um livro 100% entre parentes”, conclui.
Conheça a ilustradora
Cris Eich é aquarelista, ilustradora e autora de livros para crianças, formada como artista em ateliês e museus de São Paulo. Há mais de 30 anos, Cris produz trabalhos para o mercado editorial, estúdios de design, agências de propaganda, jornais e revistas e fabricantes de brinquedos educativos.
Livros de Monteiro Lobato, Cecília Meireles, Ruth Rocha, Lewis Carrol, Walcyr Carrasco e Silvana Salerno, por exemplo, já foram ilustrados pelas aquarelas da artista - no total, mais de 70 obras receberam o toque artístico. Durante sua carreira, ela também aprendeu sobre gravura, pintura e cerâmica.
Cris também publicou os livros “Quem você trouxe?” (Editora Paulinas), ”Cadê os bichos?” (Bamboozinho), ”Do outro lado da rua” (Positivo), “Longas Sombras” (SESI SP) e ”Nós Duas” (Panda Books).
(*Lívia Ximenes, estagiária sob supervisão do Coordenador de Cultura, Abílio Dantas)
Fonte: O Liberal
Texto: Lívia Ximenes
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