Poeta Ruy Barata segue vivo com o lançamento de 'Antilogia e outras linhas'
O evento de lançamento ocorre na próxima quinta-feira, 30 de março, às 18h30, no Núcleo de Conexões Ná Figueredo, em Belém.
O poeta curitibano Paulo Leminski afirmou certa vez não saber se “todos os povos amam seus cientistas, mas todos os povos amam seus poetas”. No Pará, entre tantos artistas da palavra, apenas um possui três estátuas em sua homenagem em pontos centrais da capital: o poeta e compositor Ruy Barata, que pode ser “visto” no Complexo Ver-o-Rio, no Parque da Residência e em frente ao Bar do Parque, em Belém. Na próxima quinta-feira, 30, será lançado no Núcleo de Conexão Ná Figueredo, a partir das 18h30, o livro “Antilogia e outras linhas”, pela Amo! Editora, versão ampliada da obra que é considerada a síntese do trabalho poético do bardo.
O jornalista Tito Barata, filho do poeta, explica que a reedição de “Antilogia” vem a público quase 23 anos depois de seu lançamento, que ocorreu em 2000, quando a Secretaria de Cultura (Secult) do Governo do Pará decidiu editar o último livro deixado por Ruy Barata, volume organizado em 1990. “Quando estava com 68 anos, ele fez uma revisão da obra dele. Colocou um novo olhar sobre os livros dele e sobre poemas esparsos, o que culminou com a ‘Antilogia’, que é uma justaposição de ideias, sem que deixe de permitir novos olhares sobre a obra”, afirma Tito.
Ainda segundo o jornalista, a coletânea formulada pelo poeta não segue uma ordem cronológica, mas uma lógica pessoal. Um poema feito quando o autor tinha a idade de quarenta anos, a “Canção dos Quarenta Anos”, antecede outro de uma fase inicial da obra, por exemplo. As escolhas de Ruy Barata foram mantidas, mas “Antilogia e outras linhas" traz novidades.
“Agora, quase 23 anos depois (da primeira publicação) recebi uma proposta da Amo! Editora, da Andréa Pinheiro (cantora e designer gráfica), para fazer essa reedição. Só que o nome agora chama ‘Antilogia e outras linhas’ porque ele foi revisto e ligeiramente ampliado. Corrigimos algumas falhas que saíram na primeira edição, identificamos alguns personagens dos textos e publicamos a versão de 1974 do poema ‘Nativo de Câncer’, que é o poema mais emblemático do Ruy, com 527 versos decassílabos, em que ele mistura mitologia grega com as coisas da Amazônia”, destaca Tito, que acrescenta que o poema possui quatro versões, datadas de 1960, 1974, 1984 e de 2000.
Imortalizado nas ruas
As homenagens a Ruy Barata e sua obra espalhadas por Belém, em diferentes locais e contextos históricos, revelam a presença dos versos do poeta na vida dos paraenses, seja nos livros ou nas canções. “São homenagens sinceras que homenageiam não apenas ao Ruy, mas, sim, a uma geração inteira de intelectuais paraenses, a chamada Geração do Central Café (local que funcionou nas décadas de 1950 e 1960, no Hotel Central, na avenida Presidente Vargas) e a todas as confrarias que o Ruy formou ao longo da vida. Ele sempre gostou de se reunir com a juventude”, recorda Tito.
Apesar de ser uma obra pequena, com a publicação em vida de apenas dois livros – “Anjo dos Abismos”, de 1943, e a “A Linha Imaginária”, em 1951 – o conjunto poético de Ruy Barata, segundo críticos e pesquisadores, possui grande importância, frisa Tito Barata. “O Ruy foi um homem que sabia exatamente as regras da poesia e tudo o mais, mas que, quando escrevia, entrava em estado de fluxo, ia buscar a inspiração nas Musas da mitologia grega. Ele entendia que a beleza era de outro mundo. Então você pode encontrar na poesia dele muitas questões metafísicas. Nos últimos 20 anos, a poesia dele vem sendo redescoberta a partir das novas publicações. Mas, quando ele realmente foi conhecido por todo um povo paraense foi quando ele praticamente abandonou a poesia e foi fazer letra de música com o meu irmão Paulo André Barata e fez lindas canções da música brasileira e paraense”, completa.
Confira "Foi Assim", canção de Ruy Barata e Paulo André Barata
O ator Cacá Carvalho, que teve sua infância e adolescência marcadas pelos ensinamentos de Ruy Barata, sobretudo pelo hábito da leitura em voz alta, comemora o lançamento da nova edição de “Antilogia”. “Antilogia’ é um livro que junta vários sabores de Ruy. O humor, um lirismo que tira respiro, a terra com seu cheiro e sua dor, uma força erótica quente e a palavra cheia de malabarismos. É uma obra rara e agora mais que bem-vinda. Ruy Barata nos enche o peito. Eu quero ter em mãos logo. Salve Ruy Barata! ”, afirma.
Os leitores poderão adquirir o livro no Núcleo de Conexões Ná Figueredo, onde ocorrerá o lançamento. A Amo! Editora informa que está em processo de definição dos outros pontos de distribuição para venda.
Agende-se
Lançamento do livro “Antilogia e outras linhas”
Data: 30 de março (quinta-feira)
Local: Núcleo de Conexões Ná Figueredo (Gentil Bittencourt 449)
Hora: 18h30
Fonte: O Liberal
Texto: Abílio Dantas
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