‘Marrom – O Musical’ estreia em Belém e celebra 50 anos de carreira de Alcione
‘Marrom - O Musical’ em cartaz sexta, 31, sábado, 1 e domingo, 2, em Belém; o musical foi idealizado pelo ator e produtor, Jô Santana e escrito e dirigido por Miguel Falabella
A cantora e multi-instrumentista maranhense, Alcione, é homenageada pelos seus 50 anos de carreira com o espetáculo "Marrom - O Musical", idealizado pelo ator e produtor, Jô Santana e escrito e dirigido por Miguel Falabella e conta com Iléa Ferraz como diretora assistente e residente. Em cartaz em Belém no Theatro da Paz nesta sexta-feira, 31, sábado, 1, e domingo, 2, a obra finaliza a trilogia do samba composta também pelos musicais “Cartola, o mundo é um moinho” e “Dona Ivone Lara – um sorriso negro”.
No palco há 10 versões de Alcione de jovem até a sua versão atual, interpretadas por atrizes como Lilian Valeska, que além de interpretar Alcione também representa a sua mãe, D. Felipa. Letícia Soares, que remete a Alcione no auge de sua carreira e interpreta a vizinha. E Di Ribeiro, que é a Alcione jovem. A história toda é conduzida pelo boi do Maranhão, presente na história da cantora.
Jo Santana, idealizador do musical, relembrou que há 20 anos se apaixonou pelo Maranhão e há cinco anos essa história está sendo construída. Alcione, enquanto grande expoente da música, representa o Maranhão e o Brasil e, por isso, junto com ela e Miguel Falabella levam essa história para o palco, contou. "Estava com Alcione e tivemos a ideia de o boi ser o fio condutor dessa história. Eu estava fazendo 'Dona Ivone Lara', fiz 'Cartola' e convidei o Miguel para escrever Marrom e ele também dirigiu. Fomos para casa de Alcione, comida maranhense e muito afeto", destacou a parceria.
"Alcione é Brasil, não dá para colocar só uma Alcione no palco. Toda mulher brasileira é Alcione e Miguel falou: 'o que você acha de não colocar só uma Alcione, que tal colocarmos várias Alciones?'. Propomos e ela topou imediatamente e deixou para a gente a vontade para conduzirmos o espetáculo. Alcione foi assistir na estreia e ficou enlouquecida pelo espetáculo", continuou.
O espetáculo também tem uma responsabilidade social, diz Jô. Os figurinos foram bordados pelas mulheres privadas de liberdade que cumprem sentença no Maranhão. As mulheres fazem parte da cooperativa do Instituto Humanitas360 e participaram de oficinas de teatro musical, com apresentação de suas narrativas no final.
As Alciones do Brasil
A atriz Lilian Valeska está ansiosa pela estreia em Belém e compartilha com a Redação do Grupo Liberal o que sente ao interpretar duas mulheres que representam o Brasil, como ela explica: Alcione e dona Felipe a mãe da cantora. "Começo o espetáculo como Dona Felipa, mãe de Alcione e no final, Alcione na fase madura. É uma experiência única, honrada em poder fazer essa homenagem para Alcione ainda em vida. É tudo muito visceral. Faço com muito respeito amor e alegria. Começar o espetáculo como mãe, é ter a chance de imaginar uma mulher, uma mãe carinhosa, mas com rédeas curtas. Muito filho pra organizar (risos)", ponderou.
"Encho a boca com muito amor nas lembranças, que tem no lindo texto de Miguel Falabella. E outras horas ela chama atenção de Alcione com firmeza. E no final, ao colocar o vestido amarelo (um figurino feito a partir de uma capa do LP da Marrom) para cantar 'Você me vira a cabeça', é a transição para entrar na outra cena da Mangueira já nos dias de hoje", revelou.
Lilian vem de uma trajetória de outros musicais, como "Chicago", mas para ela interpretar uma mulher preta brasileira, como Marrom, é muito simbólico. "interpreta uma mulher preta, uma cantora que faz sucesso há 50 anos, a qual muitas vezes era a única em programas de música na TV, onde eu assistia e podia sonhar em um dia estar Lá! [é muito simbólico]. A expectativa é altíssima", concluiu.
A atriz Letícia Soares compartilha a experiência das estreias pelos estados brasileiros. Ela, além de interpretar Alcione no auge de sua carreira, interpreta a vizinha, que tem a essência do povo brasileiro. "A minha experiência de fazer esse musical tem sido maravilhosa, fizemos apresentações em São Paulo, Rio de Janeiro, seguimos para o Maranhão e em especial o Maranhão foi muito importante, porque estávamos na terra de Alcione. Foi uma receptividade absurda. Não é só levar uma história, levar vida para o palco e celebrar a vida desta artista fantástica e eu tenho privilégio de interpretar", disse.
"Alcione e a vizinha são personagens absolutamente distintos, mas que carregam esse Brasil, de pessoa verdadeira, real. Contar a história de pessoas que fazem a diferença. Alcione faz a diferença na música brasileira e na vida de muitas pessoas, que embala amores e desamores Brasil lá fora e mundo afora. É um privilégio muito grande para mim", concluiu.
Iléa Ferraz, diretora assistente e diretora residente do Marrom O Musical reforça que ser uma mulher preta em uma produção majoritariamente preta em equipe técnica e elenco, precisa ser destacado. Isto é possível devido a ideia de Jô Santana, que é um homem preto que decidiu levar o Brasil, por meio da trilogia do samba, aos palcos, disse. "Alcione fala da alma romântica do povo brasileiro e fala da cultura popular, porque ela levou o maranhão para o Brasil e o mundo. É uma artista que consegue se comunicar com todos os públicos, dos 8 aos 108. Todo mundo conhece algumas músicas de Alcione, ela é trilha da vida de muita gente", refletiu.
"Eu me sinto muito honrada de estar neste lugar. Enquanto mulher negra e diretora assistente é muito importante esta parceria com Miguel, que é um artista muito importante para a cultura brasileira. Ele juntou a alma da Alcione com a história do boi do maranhão. E Jô Santana, enquanto idealizador trazendo para os musicais o samba, mostra que os musicais podem contar a nossa história, de pessoas negras. Espero que Belém goste muito de Marrom - O musical e vamos celebrar a vida desta artista e deste elenco", finalizou.
Serviço
Evento: Marrom – O Musical
Dias 31 de março às 20h; dia 01 às 20h30 e 02 de abril às 18h
Duração: 2h com intervalo de 15 minutos.
Local: Theatro da Paz, praça da República, Rua da Paz S/N Campina
Ingressos à venda: Plataforma: www.ticketfacil.com.br ou na bilheteria do Theatro da Paz - (91) 98590-3523
Classificação: Livre
Fonte: O Liberal
Texto: Emanuele Corrêa
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