Projetos artísticos paraenses são aprovados por selo nacional

 Festival Apoena e Caquiado, e os artistas AQNO e Rawi são os projetos beneficiados do Pará

Divulgação/ Bárbara Vale

O Festival Apoena, Caquiado, e os artistas AQNO e Rawi são artistas e coletivos paraenses que começaram 2023 com projetos aprovados pelo Selo Natura Musical 2023. Os artistas e os produtores culturais já começam os preparativos para apresentar ao público suas propostas.

Quem curte carimbó e música autoral feita na Amazônia vai poder conferir a terceira edição do Festival Apoena, que todos os anos o trabalho vinha sendo realizado de forma independente. Anderson Moura, um dos proprietários do Espaço Cultural Apoena, disse que ficou feliz com a aprovação do edital, já que vai poder dar continuidade com o trabalho do festival.

A terceira edição ainda está sem data marcada, mas a proposta é que o evento, como de costume, vai reverenciar a música paraense e mostrar ao público as bandas que passam pelo Espaço Cultural Apoena ao longo de oito anos de existência.

"O festival vai ser em um único dia, mas uma semana antes já vamos montar uma programação toda especial e que vai trazer mestres de carimbó para se apresentar no Espaço Cultural Apoena de forma gratuita. É uma forma do público da cidade conhecer a nossa música raiz", destaca Anderson.

Além dos shows, o festival vai promover oficinas de música e também vai proporcionar para cada artista do line up um vídeo release, como forma de ajudar a divulgar o trabalho dos artistas. Anderson disse que os trabalhos já começam a ser pensados.

O cantor, ator, compositor, poeta e artista plástico Rawi, nascido e residente na cidade de Santarém, também foi contemplado pelo edital. O artista vai produzir o álbum Arte Bicha, que bebe da fonte do ritmo do carimbó, mas que também mistura com a linguagem pop amazônida. Ele vai utilizar os sons dos barcos, do motor da rabeta, do passo no chão do terreiro e muitos outros sons que fazem parte do cotidiano.

“O álbum fala desse artista, fala de família, de aceitação. Estou me sentindo feliz e realizado e sentindo também uma responsabilidade enorme de representar o Pará e tendo a oportunidade de criar um trabalho novo com dignidade”, destaca Rawi

Rawi vivencia o ofício das artes desde 2012. Trabalha de forma independente com a música e a composição. Nas suas performances-show entrelaça diferentes ritmos, referências e temas. Sempre vislumbrando novas alternativas de uma arte queer amazônida.

Fernanda Paiva, da Head of Global Cultural Branding, explica que a Natura está na Amazônia há mais de 20 anos e há mais de 10 anos investindo na cultura do Pará. “Refletindo sobre o papel da marca de visibilizar e projetar imaginários, desde 2020 estabelecemos o compromisso de direcionar 20% da verba do Edital Nacional para iniciativas na região, além do R$ 1 milhão destinado ao Pará com a Lei Semear. Também fazemos o exercício de trazer vozes amazônicas para a nossa rede de curadoria, para que essa representação também aconteça no processo de decisão”, pontua Paiva.

Ela avalia que a escolha final dos projetos é sempre uma composição complexa, porque envolve múltiplos fatores, mas esse ano se destacaram jovens artistas que mostram o frescor da cena pop tropical e o Festival Apoena, que é uma das vitrines e iniciativa de fortalecimento e expansão dessa cena local.

Outros paraenses contemplados

AQNO - Marabá, PA

AQNO é um artista e produtor musical que vive com HIV há 7 anos, enfrentando e dialogando, através de sua arte, todas as questões pelas quais passa um corpo positivo numa sociedade sorofóbica. Em 2021 gravou seu primeiro disco autoral, O Retorno de Saturno, projeto que fala de suas descobertas, processos e questionamentos como pessoa vivendo com HIV. Nesse novo projeto, ele produzirá um álbum visual em COLAB com produtores, artistas, diretores, músicos e profissionais diversos vivendo com HIV, além de promover rodas de conversas em comunidades periféricas de Marabá, a fim de trazer uma nova visão sobre como viver e conviver com o HIV.

Caquiado, Marabá - PA

Surgido da inquietação de dois jovens artistas da cidade de Belém, Pratagy e Reiner, o Selo Caqui procura tornar sustentável a cena musical feita na cidade das mangueiras. O projeto coletivo "Caquiado: Álbum-coletânea e filme-manifesto de novos artistas paraenses" visa gravar um álbum-coletânea com 10 artistas paraenses em ascensão em músicas autorais inéditas.

Fonte: O Liberal 

Texto: Bruna Lima



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