Zienhe Castro fala sobre a projeção nacional do Pará com Amazônia FiDoc no Rio de Janeiro
Amazônia FiDoc leva cinema Amazônico ao Rio de Janeiro a programação é gratuita e segue até dia 25 de janeiro
A cineasta paraense, Zienhe Castro, leva o curta-metragem "O Homem do Central Hotel" e outras produções de cinema da Amazônia ao Rio de Janeiro (RJ), exibidos na Mostra Especial Itinerante - AMAZÔNIA FiDoc, em parceria com o Cine Estação NET Botafogo. O evento terá na abertura a pré-estreia do longa "Noites Alienígenas", de Sérgio de Carvalho, que acontece hoje, 18h. A programação é gratuita e segue até o dia 25 de janeiro.
Além de Zienhe e Sérgio de Carvalho, outros cineasta da Amazônia estão nesta edição, entre eles Luiz Arnaldo Campos ("Aikewára - A ressurreição de um povo"), Renato Vallone ("Centelha"), a roteirista Martina Sönksen ("Uýra, a retomada da floresta") e Débora McDowell ("Transamazônica"). Além das exibições, o evento terá um bate-papo com as equipes sobre as obras e produção audiovisual pan-amazônica.
A cineasta e produtora, Zienhe Castro, destaca a importância da Amazônia FiDOC, para a produção cultural paraense. "Cumpre a sua função de agregar valor à produção local Amazônica, ser uma rica vitrine de divulgação da nossa cinematografia, além de atuar para a formação de público e de profissionais do audiovisual, através das suas oficinas, palestras, fóruns, etc. Isso exige uma atuação local, direta, gratuita, na nossa região", classificou.
"Entretanto, no aspecto da divulgação das obras do nosso cinema, tão importante como mostrar para o público diretamente representado nas telas, nós, amazônicos como protagonistas, é fundamental que o nosso cinema seja também visto pelo público brasileiro em geral, que o Brasil conheça melhor a nossa cinematografia. Realizar essa edição Especial numa das mais charmosas salas de cinema do Rio de Janeiro, é uma grande conquista pra nós, cineastas desse outro Brasil ainda muito invisibilizado", completou.
Sobre o lançamento nacional de "O Homem do Central Hotel" e a expectativa para o bate-papo com o público, Zienhe se diz animada e valoriza o trabalho inspirado na fotonovela da fotógrafa Walda Marques. "Apesar de recente emula o estilo e abordagem da década de 1950, a era de ouro das fotonovelas. Seu tom melodramático casou muito bem com um estilo de filme Noir, de cores fortes, e muito drama, e com um componente que vai dar um bom debate, porque essas fotonovelas tinham uma abordagem do feminino bem rodrigueana, com mulheres que enfrentavam o machismo mas sofriam bastante as consequências. O filme tem um bom potencial para produzir boas e necessárias polêmicas sobre a condição da mulher na nossa sociedade. Vai ser um bom papo", destacou.
"Esse filme foi filmado dentro do Central Hotel, que teve sua portaria e um dos andares reformados para as cenas, que foram todas filmadas durante a madrugada, por causa do barulho da rua durante o dia. A beleza deste Hotel centenário e histórico são um componente especial, além das cenas noturnas em algumas das igrejas de Belém", pontuou.
A cineasta também ressaltou a importância de “Noites alienígenas”, que além de apresentar o choque cultural, adiciona originalidade e protagonismo de atores acreanos. "É um belo exemplo do amadurecimento do Cinema Amazônico. Rodado no Acre, retrata uma Amazônia urbana, na fronteira com a floresta. Pode ser entendido por qualquer morador de periferia de qualquer grande cidade brasileira, mas que traz a presença do elemento indígena, urbanizado e tendo que lidar com conflito entre as culturas, entre eles, o modo como o 'civilizado' lida com as substâncias alucinógenas, que na cultura indígena tem um uso místico, ritualizado, mais no mundo urbano é apenas um comércio, criminalizado, atravessado por gangues e crimes, enfim, com um potencial destruidor que o indígena desconhece", disse.
Zienhe Castro finaliza trazendo a importância de falar da "Floresta em pé", e que para além do tema ser abordado e defendido pelos cineastas ativistas, deve ser discutida amplamente com a sociedade. "Além de uma causa dos povos amazônicos - somos os primeiros e mais diretamente afetados pela destruição da floresta -, os danos afetam e de maneira até mais drástica o Brasil inteiro e o mundo. O cinema tem um papel fundamental, como em todas as lutas, de ajudar a suscitar a questão, de construir o imaginário do tema, de provocar as emoções necessárias em quem não está vivendo diretamente na floresta, de quem não está percebendo o que acontece. O cinema, então, é um dos mais potentes difusores e divulgadores de uma causa. As pessoas se identificam com a luta e a abraçam, mobilizadas, e em geral, impactadas pela experiência de assistir a um filme", concluiu.
Fonte: O Liberal
Texto: Emanuele Corrêa
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