Legado de Nélida Piñon é lembrado por paraenses

 A escritora carioca faleceu no sábado, 17.

Nélida Piñon (Acervo Pessoal Instagram)


O falecimento da escritora e imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) Nélida Piñon, no último sábado, 17, em Lisboa, consternou fãs pelo Brasil e o mundo. No Pará não foi diferente. “É nosso dever, como brasileiros, conhecer Nélida Piñon, uma mulher ímpar e que estará nos esperando em cada romance, em cada conto”, diz o cametaense Genisson Paes, escritor e professor de Parauapebas, no Sudeste do estado. Ele lançou o recente romance “Jambo Rosa” motivado pelas mensagens de estímulo da autora, que sempre incentivou os jovens escritores em entrevistas e declarações públicas.

 “Nélida praticava o imenso esforço em compreender as especificidades humanas. Ela trata o ser humano como uma fruta que o leitor descasca aos poucos até sentir o caroço bater nos dentes”, define o professor sobre o legado da autora.

“Nélida foi uma mulher gigante. Ela se esforçou a construir uma obra rica e variada que nada deixa a desejar diante de grandes nomes da literatura dita universal. Sempre defendeu Machado de Assis, uma de suas grandes paixões, e, assim, defendeu a literatura de língua portuguesa, particularmente a brasileira. Ganhou prêmios nacionais e internacionais de singular relevância”.

Para o presidente da Academia Paraense de Letras, Ivanildo Alves. Ela foi “uma escritora de extrema leveza na exposição de seus temas. Conseguia falar com agudeza sobre questões que assolam a humanidade, como o medo, a paixão, o perdão, Deus e o pecado. Navegava em diferentes estilos literários com a mesma maestria. Do romance, ao conto, da crônica ao ensaio”.

Ivanildo destaca a importância de Nélida Piñon ter sido a primeira mulher a presidir a ABL em cem anos de história da instituição. “Era um cargo tradicionalmente ocupado por homens. Isso representou uma conquista para as escritoras de todo o Brasil. Sua morte nos deixa um vazio”, completa.

Obras

Nélida Cuíñas Piñon nasceu no Rio de Janeiro, em 1937, e dedicou 70 anos de vida à literatura. Formou-se em Jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Entre as suas obras fundamentais estão "Guia-mapa de Gabriel Arcanjo" (1961), "O Calor das Coisas" (1980), "A República dos Sonhos" (1984), "A Doce Canção de Caetana" (1987) e "Uma Furtiva Lágrima" (2015). Ela foi eleita à Academia Brasileira de Letras em 27 de julho de 1989, onde ocupava a cadeira 30.

Genisson Paes com o novo livro.Genisson Paes com o novo livro. (Divulgação)

“O primeiro livro de Nélida Piñon que li foi ‘A Camisa do Marido’, uma coletânea de nove contos, lançada em 2014, pela Record. Depois li ‘Livro das Horas’ e "A Casa da Paixão’. Foi amor à primeira vista”, conta Genisson.

“Li os livros dela com muita paixão, assisti suas entrevistas diversas vezes. Numa dessas ocasiões a autora destacou a necessidade de ousadia que um jovem escritor deve ter, ressaltou a importância de brincar com as metáforas e de criar novas. Esse amor dela pela literatura me ajudou a finalizar o meu romance, pois me deu coragem para escrevê-lo, na medida em que sou um escritor em construção. Sou muito grato”


Fonte: O Liberal 

Texto: Enize Vidigal 

Nenhum comentário