I Carimbó ACena Fest reúne mais de 20 grupos e homenageia mestres da cultura popular

 O evento acontecerá na sexta, sábado e domingo, 11, 12 e 13, no Conjunto Maguari.


Mestres Damasceno, Cleudete de Tijupá e Lourival Igarapé. (Guto Nunes (Damasceno), Roberta Brandão (Claudete) e Ana Ribeiro (Lourival))

O Ponto de Cultura Associação Cultural e Esportiva de Negros, Negras e Afrodescendentes da Amazônia (ACENA) promoverá o I Carimbó ACena Fest, que vai homenagear três mestres da cultura popular: Damasceno, do Marajó; Lourival Igarapé, de Icoaraci; e Claudete do Tijupá, de Marapanim. No evento, mais de 20 grupos de carimbó irão se durante os três dias de programação: sexta-feira, sábado e domingo, 11, 12 e 13, sempre das 14 à meia-noite, na sede da Acena, que fica no Conjunto Maguari, bairro do Coqueiro, em Belém.

O carimbó, um dos ritmos mais expressivos da cultura popular paraense, vai ser o centro das atenções. Além da homenagem aos mestres, haverá shows com vários grupos de carimbó, da capital e do interior do estado.

Com dez anos de atividades em Belém e no interior do Pará, a Acena é uma entidade cultural, sem fins lucrativos, que desenvolve um trabalho direcionado ao resgate, valorização e fortalecimento da cultura popular paraense e da cultura afro brasileira, conforme explica o sócio fundador e produtor da Acena, Harles Oliveira.

Homenageados

Mestre Damasceno, de 68 anos, cego, é quilombola, descendente de negros escravos e indígenas, cresceu no Marajó, onde compõe e canta carimbó, mas também faz música nos ritmos de boi-bumbá, samba, brega, xote, xaxado e bangue. Prestes a lançar o quinto álbum da carreira, ele já se prepara para gravar o sexto. “Tenho mais de 400 músicas, é muito fácil”, conta. Ele vai se apresentar na sexta, às 18h.

Mestra Claudete do Tijupá, de Marapanim, de 59 anos, reside na comunidade da Fazendinha, onde desenvolve o projeto Alegria da Água Doce Mirim Fazendinha. “É um privilégio ser homenageada em vida. Estou muito ansiosa, sentimento de muita gratidão”, conta. Professora aposentada, poeta e ambientalista, ela sempre dançou o ritmo, compôs músicas e usou as letras de carimbó em sala de aula. “As músicas tratam muito do meio ambiente e das vidas do pescador, do agricultor e da mulher, têm uma poética muito rica”, destaca. Ela vai se apresentar no sábado, às 18h. “A cultura não está dissociada da vida, o carimbó é vida”.

“Pra mim é uma honra ser homenageado como mestre de cultura popular”, destacou o Mestre Lourival Igarapé, de 77 anos, autor do sucesso “Queimadas”, gravado por Nazaré Pereira. “Com a turma mais jovem engrossando esse movimento, a cultura popular será eterna”, comemora. Natural de Maracanã, ele morou em Igarapé-Açu, onde atuou como cantor e percussionista, antes de se mudar para Belém, mas só começou a compor em 2006. Na apresentação do domingo, às 17h, ele vai apresentar o repertório autoral.

Grupos

O line-up do I Carimbó ACena reúne grupos tradicionais e também os que tocam com instrumentos elétricos ou incomuns ao ritmo, como o grupo Carimbó da Maria. “Vai ser o primeiro festival de carimbó que a gente vai participar desde pandemia. Não somos um grupo tradicional. Achei bacana do festival abrir portas para todos os grupos que tocam carimbo”, conta a vocalista Maria. O grupo conta com uma banda com bateria, contrabaixo, violão e guitarra. “É o que a gente chama de carimbó estilizado”, explica. Além das músicas autorais, o grupo toca sucessos dos mestres, como Dona Onete, Verequete e Lucindo, assim como outros ritmos regionais, como lambada, xote bragantino e merengue.

Já o Grupo de Expressões Parafolclóricas Uirapuru, que toca as músicas no estilo tradicional e também apresenta os dançarinos do ritmo trajados com roupas típicas, vai trazer um show com “vertentes do carimbó e músicas de origem negra, como afoxé e tambor de mina, além do xote e lundu”, conforme explica a coordenadora, cantora e coreógrafa do grupo, Cláudia Peniche. “Vamos tocar o ‘Ver Belém’, composição de Admir do Cavaco; o ijexá ‘Todo dia é dia de negro’, do bloco afro Abiyéyé Maylô, de São Luís, do Maranhão; e o carimbó de raiz praieira ‘Canoa de Pau’, de Etelvina Cordeiro, entre outras. A gente gosta da música de raiz, da música pretas inserida no nosso show, isso é muito importante pra gente”, acrescenta.

Programação completa

Na sexta, às 15h, haverá roda de conversa com os mestres, seguida das apresentações dos grupos Sancari às 16h; Cultura Regional Iaçá, às 17h; Mestre Damasceno, às 18h; Grupo Tarubá, às 19h; Coletivo Tamborimbó, às 20h; Grupo Parananin, às 21h; e Banda Carimbó da Maria, às 22h.

No sábado, 12, a festa começará com o grupo Pitiú de Cobra, às 14h; seguido do Coletivo Cidade Tambor, às 15h; grupos Tamboiara, às 16h; Paranativo, às 17h; Mestra Claudete do Tijupá, de Marapanim, às 18h; Grupo Bico de Arara, de São Caetano de Odivelas, às 19h; grupos Amazônia às 20h; Jurupari às 21h; e Banda Acena, às 22h.

E no domingo, 13, última noite do festival, a programação será aberta pelo grupo Os Africanos de Icoaraci, às 14h; seguido dos grupos Batucada Misteriosa, às 15h; As Manas do Carimbó, às 16h; Mestre Lourival Igarapé e Grupo Queimadas, às 17h; Grupo Águia de Ouro, de Cachoeira do Arari , às 18h; Coletivo Tamborimbó, às 19h; Grupo de Expressões Parafolclóricas Uirapuru, às 20h; Grupo Sabor Marajoara, às 21h; e Banda Carimbó Mururé, às 22h.

O festival é patrocinado pela emenda parlamentar do então deputado federal Edmilson Rodrigues e tem o apoio institucional da Fadesp e Universidade Federal do Pará, Ministério da Educação e governo federal.

Agende-se:

I Carimbó ACena Fest

Dias: sexta, sábado e domingo, 11, 12 e 13

Hora: Das 14h à meia-noite

Local: Ponto de Cultura ACENA (Conjunto Maguari, Alameda 19, nº 14, bairro Coqueiro)

Informações pelo Whatsapp (91) 98152-2682


Fonte: O liberal  

Texto: Enize Vidigal 

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