Dia do poeta cordelista é celebrado com poesia

  **O cordel está para o cordelista, assim como o mar está para peixe. Em Capanema, são vários os representantes da literatura de cordel, que em versos, notabilizam as suas escritas. Relaciono nomes de alguns cordelistas que residem ou já residiram em Capanema: Lucivaldo Ribeiro, Jeová Barros, Camilo Lélis, Jorge Carvalho, Abnéas Júnior, Manuel Arnaldo, Ivanildo Pessoa e a "Dama do Cordel", Socorro Rebouças. Para eles e os outros, eu tiro o meu chapéu! (PV)



Ela consiste em uma poesia rimada e é mais popular no nordeste do país, mas há paraenses cordelistas

Juraci no evento Praça do Cordel, em Fortaleza. (Reprodução / Arquivo pessoal)

A literatura de Cordel é um gênero que vem da tradição oral e posteriormente começou a ser registrado pela escrita em folhetos. Ela consiste em uma poesia rimada e é mais popular no nordeste do país, mas há paraenses cordelistas. 19 de novembro, dia do poeta cordelista a equipe da Redação Integrada de O Liberal conversou com alguns poetas sobre o universo do cordel.

O poeta Antônio Juraci Siqueira, 74 anos, é também professor de filosofia. O cordel está presente em sua vida desde a década de 1980. Em mais de quarenta anos de escrita já perdeu as contas de quantos publicações fez, mas ressalta que são "para mais de 80 títulos" e continua escrevendo diariamente. "Escrevo cordel e trovas há mais de quarenta anos. Minha primeira publicação aconteceu no dia 13 de fevereiro de 1980 no 'Jornaleco' do jornalista Raymundo Mário Sobral, no jornal A Província do Pará e, apesar de ser escrito em quadras, já pode, a grosso modo, ser considerado cordel", relembrou.


"Depois o Sobral me convidou pra escrever no PQP, um jornal 'pra quem pode', onde escrevi, mensalmente, por 22 anos, cordel pornô/humorístico. Comecei com a coluna 'Rima Rica' e depois ganhei uma página, chamada 'Juraci Park', onde publicava prosa e cordel", complementou.

Juraci celebra o dia do poeta cordelista, escrevendo e lembrando os nomes de outros cordelistas paraenses que, assim como ele, inspiram a nova geração de escritores. 

"Tenho uma grande admiração pelos grandes mestres do gênero e me sinto gratificado por hoje ser um deles, por isso me esforço ao máximo em respeito a esses que me antecederam, por isso continuo escrevendo e publicando. Temos grandes nomes de cordelistas paraenses contemporâneos, a maioria pertencentes à Academia Paraense de Literatura de Cordel, da qual ocupo a cadeira número um. Não gosto de citar nomes para não cometer injustiças, mas citarei apenas meia dúzia dessa constelação: Jetro Fagundes, Ubiraci Conceição, Francisco Mendes, Heliana Barriga, Socorro Rebouças e Ducarmo Sousa", concluiu.
"O cordel é poesia popular, arte feita pelo povo que muitas das vezes vive no anonimato. Conhecer o Cordel, é conhecer a nossa própria história", comentou Hugo. (Reprodução / Lucas Pescada)

 

Hugo Caetano, 31 anos, é artista, educador, produtor e historiador. Ele faz parte da nova geração de cordelistas e revela como começou a escrever. 

"Na adolescência e sem saber meus primeiros versos já lembravam as métricas do cordel. Vim me identificar como cordelista quando passei a trabalhar com Cláudio Cardoso em sua editora, lá tive acesso não apenas aos escritores locais, pois Cláudio coordenava o estande dos escritores paraenses, mas também a autores nordestino que chegavam a Belém a convite de Cláudio para os encontro de cordelista e fui assim imerso nesse universo que passei a estudar e produzir meus textos de cordel", disse.

Suas referências são os escritores locais, destaca Hugo: 

"pelo fato de trabalhar na editora cromos fui 'apadrinhado' pelos velha guarda da literatura paraense. Recebi muita  ajuda de escritores como Francisco Mendes, atual presidente da academia de cordel, Heliana Barriga e outros amigos que circulavam pelo estande do escritor paraense. Cito três cordelistas que mais admiro nessa cena. Cláudio Cardoso foi o melhor declamador que já vi, nossas tardes trabalhando na editora era regada a poesia, ele passava horas declamando textos enormes enquanto colávamos capas de livro. Eu me sentia ali um privilegiado, nós éramos operários da literatura", comentou.

O artista finalizou sua fala à equipe da Redação Integrada de O Liberal, conceituado na sua visão o que é a literatura de cordel. 

"O cordel é poesia popular, arte feita pelo povo que muitas das vezes vive no anonimato. Conhecer o Cordel, é conhecer a nossa própria história", finalizou.

Conheça a poesia de Cordel

Última estrofe do cordel chamado "Nasci pra poesia" de Hugo Caetano

"Aos amigos poetas

E das artes em geral

Prepare todo seu amor

Para combater o mau

Vamos fazer desse mundo

Um gigantesco Sarau"

Primeira estrofe do cordel "Louvação aos cordelistas", de Antônio Juraci Siqueira

Eis-me aqui para louvar,

em nome da poesia,

aqueles que, com mestria,

não se cansam de cantar

as belezas do lugar

que de berço lhes serviu.

E assim, sem qualquer desvio,

eu louvo, sem cerimônia,

Cordelistas da Amazônia,

do Nordeste, do Brasil!



Fonte: O Liberal

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