Ruy Castro é eleito para Academia Brasileira de Letras
O escritor e jornalista é um campeão de vendas, especialmente com as biografias, gênero literário que ajudou a renovar no Brasil a partir dos anos 90.
Ruy Castro foi eleito com 32 votos, dos 35 possíveis. Ele vai ocupar a cadeira número 13, que era do ex-ministro da Cultura Sérgio Paulo Rouanet, falecido em julho. Depois da eleição desta quinta-feira (6), as cédulas foram queimadas, no ritual tradicional da Academia.
Nas livrarias, Ruy Castro é um campeão de vendas, especialmente com as biografias, gênero literário que ajudou a renovar no Brasil a partir dos anos 90. É mais um talento aprovado pelo gosto popular que vai frequentar os salões tradicionais da ABL, que já têm nomes bem conhecidos do grande público, como Gilberto Gil, Fernanda Montenegro e Paulo Coelho.
O presidente da Academia Brasileira de Letras, Merval Pereira, diz que a qualidade da obra continua sendo o fator determinante na escolha dos imortais.
“Na verdade, a gente quer mostrar que a Academia é aberta a todos e que os artistas de várias tendências da cultura estão representados aqui, mas a qualidade é essencial", aponta.
Traçar a biografia de um mestre das biografias é uma tarefa de muita responsabilidade. Felizmente para contar a história de Ruy Castro nós podemos contar a ajuda de Ruy Castro. Primeiro parágrafo: todo grande escritor foi antes de tudo um leitor.
“Eu sou leitor desde os cinco anos de idade. Então, sou leitor há 69 anos”, conta Ruy Castro.
O primeiro trabalho de Ruy Castro com as letras foi como jornalista. Começou no Correio da Manhã e trabalhou em quase todos os principais jornais do país. Nasceu daí a paixão pela informação e pelas biografias recheadas de fatos, entrevistas e curiosidades.
Escreveu sobre o dramaturgo Nelson Rodrigues, em “O Anjo Pornográfico”. Mané Garrincha foi retratado em “A Estrela Solitária". Carmen pintou com cores vivas o tempo do cinema em preto e branco e a obra de Carmen Miranda.
Nos livros de reconstituição histórica, sobre a Bossa Nova ou sobre a praia de Ipanema, surge o principal personagem de Ruy Castro: a cidade do Rio de Janeiro
Repórter: “o Rio é um personagem principal das suas obras?”
Ruy Castro: “assim como a Bahia é o personagem principal de Jorge Amado, Rio é meu personagem principal. É minha maneira de devolver ao Rio tudo o que o Rio já me deu e eu devo tudo ao Rio”
Em todas as obras, um conhecimento profundo costurado num texto leve e o bom humor, qualidade de Ruy Castro que jamais veremos numa autobiografia porque ele promete nunca escrever sobre si mesmo.
"De jeito nenhum. Sabe por quê? Eu não confio em mim. Todo auto biografado é um mentiroso e como dizia Nelson Rodrigues: ‘um sujeito que se olha no espelho e se vê em um vitral, só vê as suas qualidade", diz Ruy.
Fonte: g1/Jornal Nacional (texto e foto)
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