Arte Pará 2021: Religiosidade atravessada nas poéticas de Edivânia Câmara e Guy Veloso
Artistas apresentam trabalhos de videoarte na mostra deste ano
Religiosidade atravessada pelas artes
Guy Veloso e Edvânia Câmara apresentam obras no Arte Pará 2021
A religiosidade em suas diversas representações, que atravessa a cultura e o imaginário amazônico, também apresenta suas formas no Arte Pará 2021. A edição deste ano, que segue em formato totalmente virtual, exclusivamente no site www.artepara2021.com. A mostra “Uma história da videoarte na Amazônia (episódio I): Pará”, traz trabalhos de artistas como Edivânia Câmara e Guy Veloso.
“Ifé” é o nome da obra de Edivânia presente no Arte Pará 2021. Datado de outubro de 2020, o vídeo faz um mergulho na festa do Círio de Nazaré por meio da perspectiva de religiões africanas. Conhecido como uma manifestação da igreja católica, o Círio visto na obra de Câmara é do contraste, mas não de algo novo dentro da celebração. Ele mostra que o Círio de Nazaré vai além dos preceitos religiosos cristãos, aprofundado no significado macro da festa para o povo paraense.
Edivânia Câmara é técnica em figurino da cena pela UFPA, e graduada em licenciatura em artes visuais e tecnologia da imagem na Unama. Ao longo da carreira trabalhou com figurinos, pesquisas e instalações, e participou do salão Arte Pará pela primeira vez em 2014, como convidada com a instalação “As Iyabas”. Em 2016 escreveu um livro com a temática dos mitos africano, e recentemente foi selecionada no Salão de Artes Primeiros Passos, do CCBEU.
A religiosidade atravessada no olhar de Guy Veloso também está no Arte Pará 2021, desta vez refletindo sobre uma cultura que conecta terra e rio no Pará: a pororoca. Ele participa da mostra com a obra “Surf na Pororoca”, vídeo de 2012 com pouco mais de 4 minutos.
“‘Surf na pororoca’ é um vídeo bissexto de Guy Veloso que, no entanto, não diverge de seu exercício rapsódico do sagrado na fotografia no Brasil. O artista agora aproveita a força da adrenalina provocada pelo esporte para contrapô-la completamente à energia do êxtase. A prática do surf em Karakakooa, no Havaí, foi comunicada ao Ocidente pelo capitão James Cook, em 1776. Com o nome originado do tupi para estrondado, a pororoca é um fenômeno natural produzido pelo encontro confrontacional das correntes fluviais na Amazônia com as águas oceânicas em certas fases de lua e produzindo altas ondas, sendo também chamada de macaréu. A pororoca foi descoberta pelos surfistas, não pela altura das ondas, mas pelo tempo e distância de alguns quilômetros resultantes do choque violento das águas da maré alta na direção do interior, contra a corrente do rio. Essa experiência inusitada, produz uma outra espécie de adrenalina que o filme de Veloso registra como uma excitação singular dos surfistas com a pororoca em São Domingos do Capim”, descreve Paulo Herkenhoff em seu texto curatorial.
Guy Veloso possui diversas publicações nacionais e internacionais. Em 2011 foi curador-chefe de Fotografia Contemporânea Brasileira na 29ª Bienal Europalia Arts Festival, em Bruxelas, na Bélgica. Em seu trabalho de maior projeção, “Penitentes – dos ritos de sangue à fascinação do fim do mundo”, fotografou 204 grupos religiosos laicos – muitos deles até então secretos – entre 2002 e 2019, sendo o primeiro pesquisador a provar a ocorrência dessas singulares manifestações (também chamadas de “Encomendação das Almas) nas cinco regiões do país, com livro lançado em 2020.
Edição 2021
O salão Arte Pará tem sua mostra totalmente virtual em 2021. Sob curadoria de Paulo Herkenhoff, e curadoria adjunta de Roberta Maiorana, a edição carrega como conceito “Uma História da Videoarte na Amazônia (episódio 1): Pará”, reunindo trabalhos de 46 artistas convidados. A mostra está disponível no site www.artepara2021.com.
O Arte Pará 2021 é realizado pela Fundação Romulo Maiorana, e tem como patrocinador novamente a Fibra Centro Universitário, renovando a parceria que existe desde 2012. O salão tem ainda apoio do Grupo Liberal e Instituto Inclusartiz.
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