Pesquisador descobre 7 músicas inéditas de Belchior em arquivos da ditadura
A maioria das faixas descobertas datam entre os anos de 1971 e 79.
O jornalista e pesquisador musical Renato Vieira descobriu, recentemente, sete músicas inéditas do cantor e compositor cearense Belchior no acervo digitalizado do Arquivo Nacional. As letras foram enviadas entre 1971 e 1979 à Divisão de Censura de Diversões Públicas, órgão criado pela ditadura militar para analisar produções artísticas, conforme noticiou o Diário do Nordeste.
"Fim do Mundo", "Baião de Dois Vinte e Dois", "Alazão", "Adivinha'', "Outras Constelações", "Bip... Bip..." e "Posto em Sossego" são os títulos das músicas inéditas. Algumas delas foram compostas junto com Fagner e Fausto Nilo entre os anos de 1971 e 79.
Vieira afirma que não encontrou as canções em registros fonográficos. Ou seja, essas músicas podem ter sido cantadas e até musicadas ou gravadas de forma caseira, mas não foram lançadas no mercado.
De acordo com os registros pesquisados, nenhuma delas chegou a ser censurada, mas não se sabe porque não foram sido lançadas. "Acho que foram questões com as gravadoras. 'Adivinha', por exemplo, foi enviada pela Copacabana em 1971, e ele ficou pouco tempo por lá. Entre esse ano e 1972, que é quando foram submetidas a maior parte dessas músicas, ele só fez uma gravação. Pode ter sido a dificuldade natural do início de sua carreira", acredita o pesquisador.
No mesmo ano em que enviou a letra de "Adivinha" para análise, Belchior venceu um festival universitário com a canção "Na Hora do Almoço", que foi gravada no disco de estreia do artista. Somente cinco anos depois, o disco "Alucinação" estourou com os sucessos "Como Nossos Pais", "Velha Roupa Colorida" e "Apenas um Rapaz Latino-Americano".
Pesquisador da obra do músico desde 2013, Vieira já reeditou 11 discos do cearense. "Como foram mandadas para a avaliação da censura, são letras que ele considerava lançar na sua própria voz ou na de outros intérpretes", acredita.
O jornalista diz que, por enquanto, não planeja fazer nada com a descoberta. "Só quero que as pessoas saibam que esse material existe, a gente pesquisa para isso. E sempre há algo a se descobrir sobre o Belchior", diz.
Texto e Fotos: O Liberal
Edição: Alek Brandão
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