'A Virgem Velada', Giovanni Strazza. Cerca de 1850.

É um dos mais impressionantes trabalhos de escultura pela dificuldade de modelar um véu sobre um rosto em mármore, num material que está entre os mais duros do planeta.

O mármore é uma das rochas mais duras que existem no planeta (mineral de dureza 3 na escala de Friedrich Mohs). Por outro lado, esculpir com mármore não permite adição, ou seja, a peça é realizada removendo pequenos pedaços. A partir de um bloco, tudo o que não faz parte da figura é removido. E fazer esculturas sugerindo transparências com o mármore chega a parecer mágica.

Existem grandes escultores que criaram belíssimas transparências em mármore.

Antonio Corradini (1668-1752)

Antonio Corradini trabalhou como escultor rococó em Veneza. É um dos mais famosos escultores por suas mulheres veladas, tendo praticamente chegado à perfeição com a escultura “Puritas“. A Cappella Sansevero de Sangri, nas proximidades de Nápoles (decorada entre 1749 e 1766) é um dos complexos mais importantes do tempo e Antonio Corradini, Francesco Queirolo e Giuseppe Sammartino competem entre si em virtuosismo.

‘Puritas’, de Antonio Corradini. 1717/25

Obra La Pudicizia Velata (A Modéstia Velada), de Antonio Corradini, de 1751, na Cappella Sansevero, em Nápoles, Itália.

La Pudicizia Velata (A Modéstia Velada), de Antonio Corradini. 1752
Giuseppe Sanmartino (1720-1793)

Giuseppe Sanmartino teve uma longa e fecunda carreira. Algumas de suas criações estão expostas no Museu de San Martino em Nápoles. No entanto, ele é considerado uma das maiores personalidades artísticas pela escultura “Cristo velado“, produzida em mármore para a capela de príncipes Santa Maria della Pietà, mais conhecida como Cappella Sansevero ou Pietatella, situada em Sangro di Sansevero em Nápoles. A escultura, feita em único bloco de mármore é considerada obra prima da escultura europeia do século XVIII e uma das maiores obras primas da escultura de todos os tempos. Ela representa Cristo morto e deitado sobre um colchão rudimentar, apoiado por duas almofadas e velado por um sudário finíssimo, disposto de forma tão rente ao corpo que não parece ser um trabalho feito em mármore.

‘Cristo velado’, de Giuseppe Sanmartino. 1753.
Giovanni Strazza (1818-1875)

“A Virgem Velada“, realizada pelo artista italiano do século XIX – Giovanni Strazza – é uma das mais impressionantes esculturas com transparência marmórea. Realizada com mármore de Carrara, está localizada no Convento São João, Pça da Catedral, St. John, Terra Nova. Outros exemplos do trabalho de Strazza podem ser vistos no Museu do Vaticano e no Palácio do Arcebispo de Milão. Durante meados do século XIX, o nacionalismo italiano estava em ascensão, bem como o ressurgimento do nacionalismo das artes italianas e da música. “A Virgem Velada” de Strazza é uma peça com essa escola — Risorgimento — de arte nacionalista italiana. A imagem de uma mulher com véu era o assunto favorito de toda escola de escultores da época, entre eles Strazza, Pietro Rossi e Rafaelle Monti.

‘A Virgem Velada’, Giovanni Strazza. Cerca de 1850.
Raffaelle Monti (1818-1881)

Raffaelle Monti esculpiu o grupo de figuras alegóricas “The Sleep of Sorrow and the Dream of Joy“ (“O Sono da Tristeza e o Sonho da Alegria“) em 1861, que foi mostrado na Exposição Internacional em Londres, em 1862. Atualmente encontra-se no Victoria & Albert Museum, Londres. Reunindo perfeição, graciosidade e pureza, trata-se de uma das mais belas representações de transparências em rocha que já foram realizadas e que podem ser contempladas em algumas igrejas e museus privilegiados pelo mundo afora.

“O Sono da Tristeza e o Sonho da Alegria” | The Sleep of Sorrow and the Dream of Joy” (detalhe), de Raffaelle Monti. 1861.
The Veiled Vestal Virgin. Raffaele Monti, 1847
Giovanni Maria Benzoni (1809 – 1873)

Escultor neoclássico italiano. Uma das lindas esculturas de Benzoni foi a “Veiled Rebecca ”

Veiled Rebecca (Rebecca Velada). de Giovanni Maria Benzoni. 1863

Nada se aproxima mais do mistério não revelado do que a transparência marmórea. Daí a pureza sugerida nas esculturas.









Edição: Alek Brandão
Texto e Fotos: Revista Prosa Verso e Arte