Mercado editorial encolhe 8,8% na pandemia
Editores paraenses contam sobre a adaptação e os resultados das vendas virtuais.
Arquivo O Liberal / Cláudio Pinheiro
O mercado editorial encolheu 8,8% em 2020, em comparação ao ano anterior, em todo o país, segundo pesquisa recém divulgada pela Nielsen Book, sob a coordenação da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL). O setor que já enfrentava crise antes da pandemia, vivenciou as livrarias físicas perderem espaço para as vendas virtuais. No Pará, não foi diferente. “O cenário nos mostrou uma adaptação necessária ao meio digital e a importância da reformulação dos negócios a partir do e-comerce”, conta o editor da Folheando. “Passamos a disponibilizar todo nosso catálogo em versão e-book para atingir novos públicos e amplificamos nossa divulgação nas redes. Ainda assim, as vendas caíram”, afirma Dênis Girotto de Brito, editor da Pará.grafo.
Em 2020, foram publicados (314 milhões de exemplares) e vendidos (354 milhões) menos livros. A Pesquisa de Produção e Vendas do Setor Editorial Brasileiro apontou que o faturamento em todo o país ficou em R$ 5,2 bilhões, em 2020, sendo R$ 3,7 bilhões em vendas para o mercado e R$ 1,4% bilhão para o governo.
O ano foi marcado pelo fechamento de livrarias físicas - o que levou à redução do faturamento em 32% - e a suspensão de lançamento de novas obras – queda de 17,4% (11.295). Mas livrarias exclusivamente virtuais tiveram um crescimento de 84% na participação no faturamento das editoras, sendo responsáveis por movimentar R$ 923,4 milhões em 2020.
“Comparando o primeiro trimestre de 2020 com o primeiro trimestre de 2021, tivemos uma queda em torno de 27% na receita da editora”, conta o editor da Pará.grafo. Mesmo investindo nas plataformas virtuais de venda, ele avalia que parte do público leitor ainda não tem acesso a elas, especialmente por considerar que o público leitor de seus livros tem hábito de ler o livro físico e de frequentar livrarias, sebos e bancas. “Já tentamos diversas estratégias para tentar burlar essa crise sanitária e econômica, mas a verdade é que seu impacto é tão profundo estruturalmente na sociedade que, no máximo, conseguimos minimizar as perdas”.
O número de lançamentos da editora de Girotto caiu pela metade. “As sessões de autógrafos não podem mais ser realizadas de forma física e as lives não conseguem ter o mesmo engajamento e número de vendas. Os autores que estão lançando seus livros geralmente estão amparados por algum edital público de incentivo à cultura, como a Lei Aldir Blanc. E nós, como editora, também estamos cautelosos em investir nesse período”.
Já na Folheando, Oliveira destaca que a editora buscou driblar a crise apostando no e-comerce colocando livros com preços acessíveis ao público, frete grátis para todo o Brasil e no oferecimento de produtos de qualidade. Na contramão da crise, a empresa ampliou o número de publicações de escritores da região, inclusive, no formato físico, chegando a 61 títulos na área da literatura brasileira e estrangeira. “Comercializamos títulos em formato físico no site da editora, lojas de marketplace e canais de venda dos próprios autores. Os lançamentos foram todos feitos virtualmente, nas mídias sociais e plataforma do YouTube”. “Em 2021, o cenário não é tão diferente do ano passado”, avisa Douglas Oliveira. A editora dele já está com 36 novos títulos publicados e a serem publicados este ano.
Ainda segundo a pesquisa da Nielsen Book, o setor de obras gerais foi o que mais vendeu no ano passado, se comparado a 2019, inclusive, teve aumento de 3,8%, representando o faturamento de R$ 1,3 bilhão. Já os setores que tiveram maior queda de faturamento, segundo a pesquisa, foram religiosos, em 14,2%; didáticos, 10,9%; e os científicos, técnicos e profissionais 6,7%. Em 2020, as editoras brasileiras produziram 46 mil títulos, sendo 24% de lançamentos e 76% de reimpressões. Ao todo, foram impressos 314 milhões de exemplares, uma redução de 20,5%; editados 46 mil títulos; e vendidos 354 milhões de exemplares.
Edição: Alek Brandão
Fonte: O Liberal (texto e imagem).
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