Cineasta negra paraense vai representar o Brasil em concurso internacional de webséries
Ela teve selecionado o projeto 'Resiliência', sobre três jovens negras que enfrentam situações de racismo e de machismo para produzir um filme.
A cineasta paraense Joyce Cursino, de 24 anos, está entre as cinco selecionadas para a etapa final do Black Women Disrupt the Web (BWDW), concurso que destaca a criatividade de cineastas negras de vários países. Ela concorre com o projeto "Resiliência", sobre três jovens mulheres negras do norte do Brasil que resolvem fazer um curta metragem para concorrer a um prêmio em dinheiro, mas enfrentam situações de racismo e machismo que irão abalar a produção do filme.
Diretoras e escritoras negras da Colômbia, Quênia e África do Sul também disputam a final do concurso da Black Women Disrupt em parceria com Dylan Valley e Far Horizon Films. “Essa seleção representa um grito que tá entalado há muito tempo sobre a indústria cinematográfica brasileira, que é excludente, racista e machista”, afirma a diretora paraense, que também é jornalista e atriz.
"É uma ficção (‘Resiliência’) baseada em fatos reais que mostra fatos do cotidiano dessas mulheres que tentam subverter a lógica da indústria cinematográfica do Brasil, dominada por homens brancos do eixo Rio-São Paulo", descreve. Cursino destaca que a seleção de “Resiliência” representa uma grande vitória: “Eu acredito que demarcar esse espaço internacional cinematográfico com a presença brasileira e falar das nossas narrativas enquanto mulheres negras e jovens da Amazônia é extremamente urgente e necessário”.
Cada projeto competidor possui uma mentora para ajudar a desenvolver a produção e pós-produção de roteiros, além de ensinar os fundamentos da indústria comercial e de marketing. A mentora de “Resiliência” é a jornalista, produtora e cineasta Gabriela Watson-Burkett, brasileira radicada nos Estados Unidos, com experiência em produção de tevê, documentários, festivais de cinema e programas de entretenimento. “Estou feliz de ter sido escolhida para ser mentora da Joyce Cursino. Ela é uma jovem talentosa e com uma visão importante que é da mulher negra da região da Amazônia”, diz a mentora.
Os finalistas receberão investimento do BWDW nos processos de edição até o corte final, passando pela participação e promoção do festival. O projeto vencedor receberá um pacote, que inclui suporte de distribuição, para que a websérie seja inscrita em festivais e mostrada a profissionais e organizações da indústria capazes de aumentar as oportunidades de carreira, além do prêmio em dinheiro.
Resiliência
A websérie “Resiliência” terá três episódios. Além de dirigir, Joyce Cursino vai atuar ao lado de Tamara Mesquita e Mayara Coelho. A edição será de Geovana Mourão e a direção de fotografia, de Suane Melo.
Os nomes das personagens presta homenagem a mulheres negras pioneiras do cinema brasileiro: Adélia Sampaio, diretora de “Amor Maldito” (1984); Camila de Moraes, do documentário "O caso do homem errado" (2017); e Rosilene Cordeiro, de “Feitiço”, que será lançado no mês que vem.
“A websérie fala sobre assédio, racismo institucional e estrutural e como tudo isso interfere nos sonhos de pessoas negras, principalmente mulheres, que estão tentando fazer cinema no Brasil”, explica Cursino.
A pré-produção da série já começou e está recebendo doações financeiras pelo Pix negritarcomunicacao@gmail.com.
Edição: Alek Brandão
Fonte: O Liberal (texto e imagem).
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