Astor Piazzolla: 100 anos do músico que revolucionou o tango
Gênio transitou entre a música popular e a erudita, deixando para o mundo obras como a ópera-tango Maria de Buenos Aires e Balada para Un Loco
Nome ligado ao tango mas que também transitou por outras vertentes, Astor Piazzolla nascia há cem anos em Mar del Plata, na Argentina, no dia 11 de março. Sua ligação com a música começa ainda na infância ao ganhar do pai, em 1929, seu primeiro bandoneón. Instrumento passou a fazer parte de sua vida e não tem como separar um do outro.
Piazzolla é reconhecido mundialmente por ter promovido uma revolução no tango argentino, fato pelo qual resultou em críticas dos tradicionalistas do ritmo, que questionavam a nova forma que impunha às composições.
Transitou entre a música popular e a erudita, deixando para o mundo obras como a ópera-tango Maria de Buenos Aires e Balada para Un Loco, com versos de Horacio Ferrer. Entre os tangos mais conhecidos e tocados de seu cancioneiro, certamente Adiós, Nonino é uma marca que o bandoneonista deixou para o mundo. Piazzolla compôs a música em homenagem a seu pai.
A forma como revolucionou o tango, imprimindo ao ritmo tradicional argentino toques de jazz, permitiu improvisos e, assim, subvertendo o que era intocável. Essa mistura vem de sua conexão com músicos de várias origens e, como ele, fundamentais em suas trajetórias.
Entre os nomes dessa lista, encontra-se o da diretora de orquestra francesa Nadia Boulanger, com quem estudou harmonia e lhe forneceu elementos complementares que marcariam sua trajetória musical. Sua imersão no tango argentino se daria ao voltar ao seu país. Foi o trabalho com o compositor e diretor Anibal Troillo.
Chegou a ter contato com Carlos Gardel, no período em que morava em Nova York com a família. Como falava bem o inglês, tornou-se um guia para o cantor argentino. Essa proximidade permitiu que o jovem músico mostrasse seu desempenho no acordeon para Gardel. Em dado momento, ouviu do conterrâneo o seguinte.
"Pibe, vos tocas el bandoneón como um gallego!" ("Guri, você toca o bandoneón como um galego"), brincou Gardel. Mas o talento de Piazzolla fez com que Gardel o convidasse a integrar sua comitiva em turnê por alguns países. Como era ainda muito jovem, o pai, Vicente, não permitiu que partisse deixando a escola de lado. Quase no final dessas viagens, Gardel e o grupo que o acompanhava morreram em um acidente de avião.
Para conhecer o Astor Piazzolla, em seu centenário, vale ouvir algumas de suas canções. Além de Adiós, Nonino, tem Reunión Cumbre, com o jazzista Gerry Mulligan, Balada para un Loco (1968), sobre versos de Horacio Ferrer, Oblivion, Libertango, Cuatro Estaciones Porteñas. Claro, há muito mais a ser apreciado.
Edição: Alek Brandão
Fonte: O Liberal (texto e imagens).
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