Vicente Malheiros da Fonseca compõe elegia em homenagem ao amigo João Carlos Pereira

 Compositor, músico erudito e desembargador usou a arte para expressar seu luto



Quando uma pessoa tão querida como João Carlos Pereira deixa esse mundo, todos querem expressar da maneira que puderem o carinho que sentiam por ele, ainda mais quando no círculo de convivência, há pessoas tão talentosas como ele o foi. Nesse sentido, o compositor, músico erudito e desembargador Vicente Malheiros da Fonseca usou sua arte para compor uma peça musical em homenagem ao amigo, entregando “Elegia a João Carlos Pereira” (Noturno quase modinha), em que, com piano e violino, traduz em melodia o que significa perder alguém tão estimado.

“Tive o privilégio de ser amigo do João Carlos, há muitos anos. Ele estava presente, como Mestre de Cerimônia, na solenidade em que tive a honra de receber o Título de Professor Emérito da UNAMA (2013), onde João Carlos era colega de magistério, tal como a sua esposa, advogada e professora Emília Farinha. Antes, eu conheci o seu pai, Joel Oliveira, cantor e violonista, de quem guardo um CD com músicas por ele interpretadas, presente do João, uma relíquia”, conta Vicente Malheiros, ao explicar que a inspiração veio assim que soube da notícia do falecimento do amigo, na manhã do dia da morte de João Carlos.

“Um dia ele me confidenciou que gostava muito do violino. A peça integra a série de Elegias Musicais que compus (atualmente, 14), em homenagens ao meu pai Wilson Fonseca (Maestro Isoca), ao filósofo Benedito Nunes, ao musicólogo Vicente Salles, ao Ministro Teori Zavascki, ao Museu Nacional, etc”, explica o músico. A elegia a João Carlos está disponível no perfil de Vicente Malheiros no Facebook e no Soundcloud, em execução simulada por computador.

Malheiros conta que quis deixar sua homenagem ao amigo que lhe ensinou muito e cujas trajetórias se cruzaram em diversos momentos.

“Entre 2000 e 2002, João Carlos foi eficiente Assessor de Comunicação no TRT-8, na administração da Desembargadora Rosita Nassar, que me sucedeu na Presidência. Foi quando estreitamos, ainda mais, nossa amizade. Nessa época, João Carlos sugeriu que eu organizasse o meu hinário, ou seja, a coletânea de hinos que venho compondo e que atualmente registra cerca de 120 obras musicais nesse gênero, além de peças em diversos outros gêneros (mais de 1.000 composições). Ele era um grande incentivador das artes e pessoa muito culta, porém simples e generoso. Nos encontrávamos com frequência e ele sempre me indagava: ‘como vai o seu hinário’? João era uma pessoa muito especial e iluminada”, relembra o compositor, ao falar um pouco da peça musical que compôs como adeus.

“Trata-se de música pura, sem qualquer texto poético, autêntica expressão da Arte de Euterpe (Deusa da Música), pela qual costumo me comunicar no plano que transcende a palavra escrita, cantada ou falada, justamente um tributo para uma pessoa que brilhava na arte da palavra, como jornalista, professor e escritor, e que se tornou eterno por suas belas obras, um verdadeiro gênio. Mais do que uma inspiração, a Elegia é a voz do coração”, encerra Vicente Malheiros, que ao falar sobre os que se foram, continua a compor elegias. 

Fonte: O Liberal/Música (Texto e Foto)




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