'Hoje tudo é racismo, preconceito e assédio', diz Glória Maria em sua primeira live



Jornalista defendeu uma postura menos generalizadora e disse que acha o "politicamente correto" um porre
Reprodução Portal UOL / Coluna Glamurama

Há dez 10 meses recolhida em casa, antes mesmo da pandemia impor o isolamento compulsório, a jornalista Glória Maria fez sua estreia em lives no último dia 25, para bater um papo com a colunista Joyce Pascowitch. Entre impressões sobre pandemia, isolamento, a descoberta de um tumor e uma cirurgia feita às pressas, volta ao trabalho e planos para o futuro, Glória não poupou críticas a um tema: assédio.
No bate-papo com Joyce Pascowitch, Glória revelou que era a primeira vez em mais de 40 anos que havia realmente parado com tudo e dado um tempo para si e para coisas que há muito tempo fazia. E que, ao contrário de muita gente, sentia até um certo constrangimento em admitir que, ao contrário de muita gente que não escondia a vontade de retomar a rotina, agradecia a possibilidade de estar em casa.
"Vi coisas inacreditáveis, desamor, um mar de lama… Ou é novo, ou é normal, vamos ter que partir de novos olhares. Nada mudou, mas algumas pessoas se viram melhor, começaram a se observar. Será que é preciso uma pandemia para olhar para o outro? Isso é uma coisa da sua alma, não acredito nessa ajuda só porque é hora de ajudar. Ou você olha sempre para o outro, ou você não olha nunca.” 
Glória definiu o período de recolhimento como "maravilhoso". "Comecei a olhar meu jardim, meus quadros… tinha vergonha quando falava com as pessoas no telefone e elas reclamavam da pandemia. Como ia explicar que eu estava adorando? Descobri amigos que não sabia mais que tinha, livros… esse isolamento me preencheu a alma. Com a tragédia eu estou acostumada, cobri guerras, violência, dor, sofrimento, poucas pessoas entendem mais do que eu. Pude ficar em paz comigo mesma, coisa que há ‘séculos’ não conseguia.”
Questionada sobre assédio no âmbito profissional e também pessoal, Glória abriu o verbo: “Eu acho tudo isso um saco. Hoje tudo é racismo, preconceito e assédio. A equipe com que trabalho me chama de ‘neguinha’, de uma forma amorosa e carinhosa. Estou mais de 40 anos na televisão, já fui paquerada, mas nunca me senti assediada moralmente. O assedio é algo que te fere, é grosseiro, desmoraliza. Existe uma cultura hoje que nada pode. Tem que ter uma diferenciação, não dá para generalizar tudo. O politicamente correto é um porre. Acredito que o politicamente correto é o caráter, a honestidade. Esse mundo que a gente está vem muito da amargura das pessoas, não aceito.”
Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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