Dançarinos se reinventam em tempos de quarentena
No mês de abril é celebrado o Dia Internacional da Dança
A arte da dança é uma das mais democráticas, pois o principal instrumento é o uso do próprio corpo. A dança pode existir como manifestação artística ou como forma de divertimento. E em tempos de distanciamento social, algumas pessoas usam da prática como forma de distração e terapia. Assim como toda a classe artística, os dançarinos, bailarinos e coreógrafos estão sofrendo com a impossibilidade de executar suas atividades.
No mês do Dia Internacional da Dança, O Liberal conversou com dançarinos profissionais para saber como estão lidando com esse momento de quarentena. Já que estão impossibilitados de participar de espetáculos e o uso das lives é o que ainda vem sendo realizado por alguns desses artistas.
O Just Neto, coreógrafo e apresentador de televisão, vem fazendo semanalmente lives e convidando artistas globais para ser um atrativo a mais.
Nessa quarentena ele resolveu se reinventar nas redes sociais, pois além de fazer as lives para seus seguidores, ele criou um sistema de inscrição de aulas particulares online para não ficar no prejuízo e sem arrecadação. Mas essa realidade não serve para todos, pois Just possui estrutura e visibilidade para um grande alcance de pessoas.
No caso do estudante de licenciatura em dança da Universidade Federal do Pará, Rafinha Bitto, que já atua na dança profissionalmente, explica que a dificuldade do universo da dança já é grande em decorrência da instabilidade financeira, em decorrência de poucos espaços e da falta do vinculo empregatício.
Ele que começou a se interessar pela arte aos 18 anos ainda hoje, que está no curso de licenciatura percebe as mesmas dificuldades. E dentro do universo atual a situação ficou mais complicada, pois as escolas estão fechadas e não há espaço para as apresentações, uma vez que suas turmas foram canceladas em virtude da exigência da Organização Mundial de Saúde para o combate do novo corona vírus.
“Eu estou impossibilitado de dar aulas, alguns alunos até cobram essa estratégia de elaboração de lives. Mas para fazer esse tipo de vídeo é necessário uma estrutura, aqui em casa, por exemplo, não tenho como preparar, pois estamos em quarentena e meus familiares estão todos em casa. Nesse caso não tenho como fazer”, explica o dançarino.
Rafinha diz que está aproveitando esse período para se dedicar aos estudos enquanto bailarino, estudos teóricos para repor as necessidades que o corpo de bailarino necessita. “Tenho me alongado, trabalhado técnicas novas e aperfeiçoado técnicas antigas”, completa.
Apesar das dificuldades, o coreógrafo reflete que as artes de um modo geral estão sendo mais valorizadas, pois as pessoas estão consumindo mais. “Vejo que a dança tem servido como distração para muita gente”, declara.
“A dança traz para esse momento de isolamento distração para liberar uma energia que fica presa. Dançar livremente sem se preocupar com uma técnica . Começar a criar de uma maneira mais livre além de que é uma atividade física que trabalha alongamento , trabalha criatividade, trabalha com o outro no sentido de compartilhar”, reflete Naise Souza, que também é dançarina em várias frentes da dança.
A jovem compactua da mesma ideia de Rafinha, pois ela diz que o momento atual está sendo de promoção. “As pessoas que trabalham e que não trabalham com a dança estão produzindo algo e demonstrando como estão se sentindo. Elas jogam o material nas redes sociais e compartilham com os outros para se sentirem bem. Pra ver como a dança mexe”, diz Naise.
A trajetória de Naise na dança é recente, mas já passou pela dança de salão, pelo balé, fez o curso técnico de dança da UFPA. Atualmente participa do Grupo Moderno em Cena e está mais para o fazer artístico contemporâneo, “eu penso a minha dança e crio a partir de uma poética”, explica.
Festival online
O diretor/coreógrafo Caio Nunes criou o festival de dança X Dance Fest Online, que acontece no dia 25 de abril reunindo profissionais da dança de todo o país em prol da valorização e união do segmento.
O X Dance Fest Online será realizado de forma online e transmitido via facebook @caionunescaionunes. Posteriormente, os vídeos estarão disponíveis no site idealplay.com.br e o acesso será gratuito. Por se tratar de um festival online, o "palco" será a própria casa do bailarino, no caso das transmissões ao vivo.
Sem fins lucrativos, o evento tem como objetivo promover uma maior conexão entre escolas de dança, professores e alunos em tempos de quarentena. Trata-se de um movimento da cultura brasileira que levará entretenimento e arte online durante este período, mostrando a necessidade da cultura em nossas vidas.
O formato do Festival Online traz ainda a oportunidade de Escolas de dança mais distantes e com dificuldade de deslocamento possam participar e mostrar o talento sem as despesas e dificuldades para saírem de suas cidades, tornando o festival inclusivo.
Abril é o mês da dança
O próximo dia 29 é o dia internacional da dança em homenagem ao criador do balé moderno, Jean-Georges Noverre. Ele ultrapassou os princípios gerais que norteavam a dança do seu tempo para enfrentar problemas relativos à execução da obra. A Dança é a arte de mexer o corpo, através de movimentos e ritmos, criando uma harmonia própria.
Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)
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