Mudanças na Lei Semear tentam dar fôlego à produção cultural em tempos de crise
Novo teto para projetos deve
possibilitar desenvolvimento de projetos maiores
Com o objetivo de fazer com que haja mais investimento em cultura
no estado, a Lei Semear passou por algumas alterações em 2020, e a partir de
agora passa a ter regras diferentes tanto para produtores culturais quanto para
empresas. Com a pandemia do novo coronavírus, recentemente o edital teve
inscrições prorrogadas até o dia 30 de março.
As
mudanças na lei foram aprovadas no início deste mês, na Assembleia Legislativa
do Pará. Em relação a 2019, as alterações consistem basicamente em três pontos:
o aumento de teto para projetos, que antes era de R$ 200 mil, e agora passa a
ser R$ 400 mil; a possibilidade de um proponente inscrever até dois projetos,
fazendo com que o teto por proponente seja de R$ 800 mil; e o aumento do
abatimento de Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviço - ICMS, para as
empresas, passando de 80% para 95%.
Esta
última mudança significa que a partir de agora o Estado abrirá mão do pagamento
de 95% de tal imposto, na tentativa de fazer com que mais empresas sintam-se
atraídas a investir em cultura. O objetivo é de corrigir a carência de
investimentos das organizações em projetos culturais.
Além
de tais incentivos, em 2020 o mercado da produção cultural no Pará terá mais
dinheiro injetado; isto porque o Decreto de Renúncia Fiscal de Incentivo à
Cultura, destina em 2020 R$ 7 milhões da arrecadação do ICMS para projetos
patrocinados via Lei Semear. Em 2019 o valor era de R$ 6 milhões.
A
produtora cultural Renée Chalu, do Festival Se Rasgum, avalia as mudanças como
positivas para o mercado da cultura no estado, com destaque para o novo teto
por projeto e proponente.
“Isso
é muito importante para projetos como festival Se Rasgum, que tem um orçamento
geral muito maior que R$ 400 mil, mas vai facilitar para que a gente consiga
captar parte desse recurso para o festival através da lei de incentivo”,
avalia.
A
produtora também destaca o aumento no abatimento do ICMS, e acredita que tal
medida pode fazer com que empresas decidam investir em mais projetos.
“De
uma forma geral aquela empresa pode pensar em investir em mais projetos, já que
o investimento direto dela vai ser menor em cada um. Isso é importante para que
tenhamos mais êxito nos processos de captar recursos diretamente com as
empresas”, destaca Renée.
A
possibilidade de ter dois projetos aprovados por CNPJ ou CPF também deve
refletir em mais projetos sendo desenvolvidos, movimentando o mercado cultural,
de acordo com Renée. Ela também acredita que o aumento do teto vai possibilitar
o desenvolvimento de projetos maiores, como festivais de cinema e audiovisual,
por exemplo, que demandam muitos recursos.
“É
uma mudança favorável para o mercado sim, falando de Lei Semear. Mas sabemos
que lei sozinha não resolve o problema do mercado cultural no estado; a gente
precisa de outros investimentos diretos, porque querendo ou não, a Semear é uma
lei de mercado. Mas em cima dessa lei, em específico, essas são mudanças muito
positivas”, avalia Renée.
Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)
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