Obra de Caetano Veloso ganha nova roupagem em EP de Naiá



Cantora apresenta canções já conhecidas do público brasileiro com pegada contemporânea

Como um verdadeiro mergulho musical de releituras de clássicos de Caetano Veloso, Naiá aposta na força do astro no lançamento do EP "Caetane-se", já disponível nas plataformas digitais. A cantora paulista - cuja origem remete ao sangue Guarani, Alemão e Africano - apresenta canções já conhecidas nacional e internacionalmente pela voz inconfundível de Veloso mas, agora, com um toque pessoal sob a ótica da cantora contemporânea. Para ela, assim como um quadro, a interpretação é ponto chave para impressão da identidade em trabalhos já consagrados no país. "Cada ser humano tem uma interpretação daquela obra de arte e me sinto mais performer do que musicista", declara.
Questionada sobre a escolha de Caetano Veloso para o primeiro trabalho da carreira, a artista dispara: "Caetano é Caetano". Segundo Naiá, a escolha se desenvolveu de forma natural até que a artista assumiu que estava, aos poucos, incorporando o trabalho de Veloso no seu próprio. "Quando eu fui pesquisar minha identidade musical, eu procurei uma música que fosse fonte de estudo, como se fosse minha. A música que veio na minha cabeça foi 'Odara'. Depois comecei a trabalhar nos arranjos e re-arranjos e daí extraí a identidade eletrônica, percursiva, ácida e urbana com todo o conteúdo que a canção traz", pontua.
"Há dois anos atrás, fiz um show que teve como título "Vozes em Mim" e dentro do repertório eu coloquei a musica "Tigresa", que fala muito sobre a minha personalidade. Eu tinha essas duas canções de Caetano incorporadas, vivia essa narrativa de "Odara" e a partir disso, durante os ensaios, resolvi assumir que estava Caetaneando", relembra.
Ao todo, o EP soma seis canções de Veloso, cada uma representada por uma cor diferente - como o vermelho, azul, amarelo e o branco, sempre com o estilo e roupagem da cantora. A artista detalha que "Odara" foi uma canção "marcante que fidelizou o estudo de identidade musical".
Já a música "Tigresa", fala do ímpeto da espontaneidade da artista, além de ser sinônimo de fertilidade. "Não enche" foi escolhida por ser "uma música sanguinária, sangue quente que corre nas veias, passional como funciona nossas paixões". Já o que chama de bipolaridade na letra de "Vaca Profana", também instigou a interpretação da artista: "fala muito do bem e do mal - tudo é meio relativo e aprendi a ser assim também - e a negociar melhor isso dentro de mim", pontua.
"'Terra' é uma mescla de muitas coisas, fala muito de esperança, os guardiões da terra, esse povo morrendo, os grileiros... Tantas coisas rolando mas eu ainda acredito que ainda vamos conseguir  tomar conta dessa casa", continua. Para ela, "Coração Vagabundo" diz ainda sobre respeitar "o tempo das coisas" mesmo sendo "tudo aquilo que poderia ser".
Naiá começou a estudar música aos 16 anos, na Oficina Teca Alencar, e se apaixonou pelo canto erudito. Logo depois, a paulista foi morar na Inglaterra, quando aperfeiçoou os estudos no canto, piano e Saxofone. De volta ao Brasil, retomou o aprendizado na área com as professoras Raquel Barcha, seguida por Anita Dixler e a Annick Dubois. Esta experiência possibilitou que ele pudesse trabalhar com a técnica e postura erudita para se iniciar no canto popular. Com a veia artística sempre pulsante, a cantora também se formou em Artes Cênicas pelo TUCA, enquanto simultaneamente concluía a faculdade de Economia.

Fonte: O Liberal/Música (Texto e Foto)

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