Espetáculo 'Nas Brenhas' retrata o mundo da prostituição na capital paraense



Criado a partir das vivências das próprias atrizes, a narrativa retrata o universo da prostituição de forma sensível

Divulgação
As histórias de amores e de dores de 13 prostitutas e ex-prostitutas da capital paraense ganham as ruas novamente, mas desta vez em um espetáculo teatral. O elenco - boa parte formado por estreantes maiores de 50 anos - apresenta o "Nas Brenhas" nesta sexta, 21, e sábado, 22, às 18h, na sede do Grupo De Mulheres Prostitutas Do Estado Do Pará (Gempac), no bairro da Campina.
Criado a partir das vivências das próprias atrizes, a narrativa retrata o universo da prostituição de forma sensível e busca proporcionar a sutileza de um encontro entre o público e as histórias de vida destas mulheres. A entrada é franca.
Responsável pela concepção e direção coreográfica, Carol Castelo explica que o trabalho é fruto de sua tese de doutorado, em andamento pelo Programa de Pós Graduação em Artes da UFPA.
"A ideia é pensar a dança na rua. Desde o meu mestrado, que defendi em 2017, eu investigo a rua como potência cênica. Agora no doutorado pensei em outras possibilidades criativas que já existem na própria rua e foi quando eu me atentei pra prostituição enquanto um lugar de pensar essa performance do corpo na rua de uma maneira mais abrangente", pontua.
Segundo Castelo, a contemplação do Prêmio de Produção e Difusão Artística da Fundação Cultural do Pará (FCP) em 2019 foi essencial para a realização da montagem. "Tivemos a felicidade de sermos contemplados e graças a esse prêmio conseguimos fazer o espetáculo. Apesar disso, o valor não é muito grande, então tivemos dificuldades financeiras, principalmente no início porque começamos o processo antes mesmo de sair a primeira parcela do prêmio", detalha.
"Elas estão recebendo como um elenco, receberam ajuda de custo de todo o processo que durou quase três meses e também vão receber cachê referente à atuação", acrescenta.
Segundo a diretora, a escolha por um elenco de idosas ocorreu de forma natural, já que cada segundo é precioso para mulheres que ainda tiram o sustento da prostituição. "A princípio, eu queria trabalhar com prostitutas de maneira geral, mas acabou que o elenco ele formou com prostitutas de 50 a 77 anos. É um elenco um pouco mais idoso porque as prostitutas mais jovens ainda estão na batalha, que é como elas chamam o trabalho na prostituição", explica.
O desafio de lidar com um corpo de atrizes de faixa etária mais avançada do que o habitualmente trabalhado por Castelo foi um dos grandes aprendizados dessa montagem, avalia a idealizadora. "Foi novidade trabalhar com um elenco que não tivesse experiência em teatro, então pra mim o desafio maior foi comigo mesmo de repensar essa direção, e com o trabalho com um corpo mais envelhecido, que eu também não tinha essa experiência. Tive que reformular também o meu modo de comunicação pra que conseguisse didaticamente, pedagogicamente, fazer com que elas compreendessem o que é o lugar do ator, o que é uma presença cênica, o que é um corpo ativo", ressalta.
A produção tem direção teatral de Carol Magno; assistência de direção e sonoplastia de Will Costa; figurino de Nanan Falcão; iluminação e visualidade de Ella Mendes; Maria Domingas assina a produção de elementos cênicos e Luiz Almeida a fotografia. O espetáculo conta com o apoio do Coletivo RuaR; Cia Experimental de Dança Waldete Brito, Dona Célia e Moradores da Campina. Além de contar com integrantes do Gempac, que tem coordenação de Lourdes Barreto.
No elenco, estão Amélia Coelho; Aracy do Socorro (Ira); Delcy de Fátima; Eunice da Silva (Cinderela); Fafá Cardoso; Fátima Figueiredo; Francis Silva; Maria Cristina Silveira; Maria Domingos; Maria Elis Silveira; Lourdes Barreto; Maria do Socorro Lobato e Victória Magalhães.
Agende-se
Espetáculo "Nas Brenhas"
Data: sexta
, 21, e sábado, 22, às 18h
Local: sede do Gempac (R. Padre Prudêncio, 446)
Entrada franca

Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)


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