Orquestras no mundo todo abrem comemorações pelos 250 anos de Beethoven


Beethoven completa 250 anos apenas em dezembro. Mas até lá a temporada musical brasileira será inundada por dezenas e dezenas de concertos que homenageiam o compositor. Com as principais agendas anunciadas, o público terá acesso, no palco, a praticamente a obra completa do autor - em séries que dizem tanto sobre o músico quanto sobre o momento de algumas das principais instituições musicais do País.
Ao anunciar a programação da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, o diretor artístico Arthur Nestrovski definiu Beethoven como alguém que mudou não apenas nossa noção do que é a música - mas também do que é e pode ser a humanidade.
A Filarmônica de Minas Gerais, por sua vez, falou na celebração de "uma mente revolucionária" e de um "espírito inquieto". No Theatro Municipal de São Paulo, o diretor Hugo Possolo definiu a produção da ópera Fidelio, com sua mensagem a favor da liberdade e contra o autoritarismo, como uma "obrigação".
É tudo verdade. Assim como o fato de que, na Osesp, o ciclo da primeira à oitava sinfonias será o primeiro projeto de vulto do novo regente titular, Thierry Fischer, aos quais os olhos se voltam a partir de 2020.
Na Sala Cecília Meireles, no Rio de Janeiro, o Festival Beethoven marca uma nova maneira de organizar a temporada, com festivais temáticos, e a aposta no retorno à vocação original do espaço, a música de câmara. No Municipal de São Paulo, a produção de Fidelio, que será realizada fora do teatro, é um dos símbolos de uma nova proposta artística idealizada para a casa.
Fidelio também será apresentada em Belo Horizonte pela filarmônica, em versão semiencenada, e ganha produção no Festival Amazonas de Ópera. Também em Minas, a orquestra faz o ciclo dos cinco concertos para piano, com Arnaldo Cohen - as peças também estão na agenda da Osesp, com um time de pianistas estelar, assim como na do Municipal de São Paulo, que ainda não anunciou o solista.
Na Sala São Paulo, outro destaque é a integral das 32 sonatas para piano, que também serão tocadas na Sala Cecília Meireles, onde haverá ainda integrais da obra para violoncelo e piano, além das sonatas para violino e uma série com os trios e os últimos quartetos.
Beethoven também terá destaque na agenda da Cultura Artística, com atrações como os pianistas Daniil Trifonov e Khatia Buniatishvili, o violoncelista Gautier Capuçon e o violinista Joshua Bell. São nomes que apontam um ano especial para a música de câmara, gênero que também ganha espaço com o Festival Sesc de Música de Câmara, que em três edições já conquistou espaço no calendário brasileiro pela proposta de repertório e pelos debates que suscita sobre a atividade musical.
Tem mais Beethoven na série de recitais do Theatro São Pedro, por exemplo, ou na programação da Dell’Arte, no Rio de Janeiro. Mas a programação também tem momentos que passam ao largo das comemorações dos 250 anos. Com a Osesp, Thierry Fischer rege uma seleção de peças de Schoenberg, Berg e Webern.
O grupo também estreia peças de Tristan Murail, Paulo Costa Lima e João Guilherme Ripper, além de um concerto para viola, violino e orquestra de Brett Dean, com o violista francês Antoine Tamestit e a violinista alemã Isabelle Faust. Marin Alsop retorna, como regente de honra, para reger Matias, o pintor, de Hindemith.
Entre as orquestras, a Sinfônica Municipal de São Paulo abre o ano com a Terceira de Mahler; e a Filarmônica de Minas celebra o centenário do compositor Alberto Nepomuceno, figura chave para a música brasileira, assim como Claudio Santoro, cujas sinfonias começam a ser lançadas este ano pela Filarmônica de Goiás. E, nas séries internacionais, espaço ainda para o canto: o Mozarteum Brasileiro traz ao Brasil a soprano Latonia Moore e o Cultura Artística, o tenor Piotr Beczala.

Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

Nenhum comentário