Arte e ciência juntas: Goeldi e Samaúma Artesanato lançam 'Orquídeas Amazônicas'

Uma coleção autoral promovida pelo Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) e a rede de economia criativa Samaúma Artesanato mostra que é possível aliar ciência e arte. Sob o tema de plantas que compõem a família Orchidaceae, "Orquídeas Amazônicas" conta com produtos variados, entre itens de papelaria, vestuário, jóias, biojóias e artesanato, produzidos segundo a ótica e técnica de cada um dos 15 artistas integrantes do trabalho. Os produtos serão lançados em um catálogo virtual nesta sexta-feira (13), pelo portal do Museu Goeldi. Já a feira com os produtos será aberta no sábado (14), em um evento com desfile das peças das 9h às 15h, no castelinho do Parque Zoobotânico do Goeldi.

Gisele Moreira, gerente da Samaúma Artesanato e da loja e livraria do Café do Museu, explica que o trabalho começou ainda no início do ano, com um processo de estudos sobre as orquídeas amazônicas com os pesquisadores Manoela Ferreira, Anna Ilkiu-Borges e Antonio Elielson. "Foi um desafio dado pela curadoria de pesquisa do Goeldi com o temas orquídeas e a partir disso começamos a participar de workshops aqui dentro do museu, tanto no campo de pesquisa como aqui no Parque Zoobotânico. Nós tivemos dois dias de imersão, indo ao laboratório, conhecendo pesquisadores que estudam essa parte de botânica, olhando como essas plantas se comportam, a estrutura, como se comportam depois que são coletadas", detalha ela, que também é responsável pela marca Arte Papa Xibé, que integra a coleção.

Depois do momento de conhecimento, os artistas partiram para a criação, levando em consideração as próprias técnicas e conhecimentos precedentes na confecção dos produtos. "Os artistas fazem parte da loja Samaúma, que integra o Café do Museu. Somos 43 artistas ao todo, mas apenas alguns se debruçaram a criar coisas exclusivas e até muitas vezes únicas sob o tema que estaremos lançando direto para o público", pontua. 

A coleção do catálogo virtual é livremente inspirada no livro "Orquídeas Nativas da Amazônia Brasileira", dos botânicos Manoela Ferreira Fernandes da Silva e João Batista Fernandes da Silva, com duas edições lançadas (2004 e 2011). Segundo Moreira, o trabalho visa possibilitar que outras pessoas tenham acesso à ciência e à pesquisa por meio da arte. " O objetivo desse trabalho é relacionar ciência e arte, mostrar que é possível fazer uma extensão do conhecimento, no caso de relacionar pesquisas que ocorrem no Museu Goeldi com artesanato e artistas que criam e se inspiram pra criar esses produtos", pontua. "A gente acredita que quando usa um produto que foi criado ou laborado com inspiração na ciência, nas áreas de pesquisa e na nossa Amazônia, a gente também tá fazendo com que essa pessoa difunda o conhecimento científico", acrescenta.

Para artista, é um modo de que o conhecimento, antes restrito a espaços de pesquisa, possa ser adquirido e levado para a residência de diversas pessoas por meio dos itens em exposição. "A gente tem uma diversidade de produtos em que a pessoa passa a adquirir essa ciência, esse conhecimento de outra forma, que é uma forma visual, artística. Acho que nosso grande desafio é mostrar a Amazônia, a ciência, a história que a gente tem aqui por meio dessas criações", conclui.

JÓIAS

A artista Lídia Abrahim, da marca Yemara Ateliê, explica que as jóias que assina são criadas a partir de um método de fabricação criado no Pará. "Na minha coleção, especificamente, eu escolhi três orquídeas pela cor, pelos formatos exóticos delas e trabalhei as formas e as cores através da técnica da encrustação paraense que permite a gente a colorir a jóia. É uma técnica que já uso há mais de 10 anos. Todos os produtos que crio com essa técnica eles sempre conseguem refletir bem a temática que eu uso. Então eu resolvi usar novamente essa ténica pra criar minhas peças de prata", detalha. 

Os produtos estarão à venda de terça a domingo, no Café do Museu Goeldi. Atualmente, a rede de economia criativa vinculada à loja do Café do Museu é integrada por 42 produtores, entre comunidades indígenas, populações tradicionais, artistas, artesãos e designers. Esta é a segunda coleção do Café do Museu Goeldi que, em 2018, apresentou um trabalho voltado para as aves da Amazônia. 

Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)