Visitantes do Museu Emílio Goeldi voltam ao passado com ajuda da realidade virtual
A chegada dos seres humanos ao continente americano tem várias teorias científicas. A mais tradicional acredita que os humanos chegaram nas Américas há aproximadamente 12 mil anos Antes de Cristo (AC). Entretanto, essa teoria tem sido questionada no campo científico devido aos achados de sítios arqueológicos mais recentes que demonstram que os seres humanos estavam na América há pelo menos 50 mil anos (AC).
A nova exposição do Museu Paraense Emílio Goeldi (MEPG) intitulada “Arte rupestre amazônica e realidade virtual”, no Pavilhão Domingos Soares Ferreira Penna (Rocinha), no Parque Zoobotânico, utiliza a tecnologia mais avançada para remontar essa história e divulgar a ciência para os paraenses.
A mostra tem a curadoria do diretor e roteirista da DDK Digital, Adriano Espínola Filho, responsável também pela criação do projeto; e a consultoria científica dos arqueólogos Edithe Pereira, do Museu Goeldi, e Claide Moraes, da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).
Adriano Espíndola Filho explica que tentou juntar dois conceitos na exposição: arte rupestre e a tecnologia. Enquanto, a arte rupestre é a primeira expressão artística humana conhecida no mundo, a realidade virtual é o que há de mais moderno e futurístico atualmente.
“A ideia é juntar a pré-história com a modernidade e fazendo esse contraste está ocorrendo um efeito bem interessante no público. Ele vai ali, bota um equipamento tecnológico e volta 12 mil anos na história para conviver de perto com os humanos da época”, detalha o curador. A atração tem a parceria da DDK Digital, com o apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).
Tecnologia da realidade virtual permite aos visitantes da exposição viajar 12 mil anos no tempo (Edithe Pereira/ Divulgação)
A exposição é totalmente interativa e reúne informações sobre a arte rupestre na Amazônia e sobre as teorias que envolvem a ocupação humana no continente americano. O diferencial é a maneira como o público tem acesso ao conhecimento, com a realidade virtual e a realidade aumentada. O público coloca um óculos de realidade virtual e experimenta visitar o interior de uma caverna com desenhos e inscrições rupestres.
Para a produção dessas imagens, a equipe visitou cinco sítios do Parque Estadual Monte Alegre, no final de agosto. Além disso, com um tablet, os visitantes vão poder navegar por um mapa, que apresenta, por meio da realidade aumentada, os movimentos migratórios que levaram à ocupação das Américas. Os detalhes da produção vão poder ser conferidos num minidocumentário que também integra a exposição.
De acordo com Adriano, a exposição tem três atrações com mapa que aborda as teorias da chegada humana nas Américas, o minidocumentário sobre a região de Monte Alegre com a professora do MPEG Edith Pereira e a caverna em realidade virtual.
“Essas atrações conversam em torno desta grande teoria da chegada do homem ao continente americano. Acho que é fundamental você fazer cada vez mais esse trabalho de divulgação científica, porque acredito que se conhece pouco o patrimônio arqueológico brasileiro, que é um dos mais ricos do mundo, e que está rediscutindo as teorias”, apontou o curador.
O espectador poderá ver as paredes da caverna com uma amostra de várias pinturas rupestres de diferentes sítios da região de Monte Alegre. “Ele também vai poder interagir com alguns habitantes e criadores destas pinturas. Ali também a gente fez uma brincadeira para ele poder entrar em contato com os primeiros habitantes do continente americano”, detalha Adriano.
Teorias da chegada do homem
A ciência tem várias teorias sobre a chegada dos seres humanos às Américas. A clássica, conhecida como a teoria Clovis First (Clovis Primeiro) tem indícios de que os seres humanos chegaram à América por uma região conhecida como Estreito de Bering, que é uma pequena região localizada entre a Sibéria e o Alasca, há 12 mil anos atrás. Para a teoria clássica os seres humanos foram ocupando a América de cima para baixo, ou seja, da América do Norte para o Sul.
Visitantes podem, ainda, navegar por um mapa que apresenta, por meio da realidade aumentada, os movimentos migratórios (Edithe Pereira/ Divulgação)
Outra teoria científica é a Transpacífica, segundo a qual o ser humano atravessou do Sul da Ásia ou da Oceania diretamente para a América do Sul, com uma migração marítima, passando por diversas ilhas.
A terceira é a Transatlântica, que considera que o homem pode ter saído do norte da África e ter chegado ao nordeste Brasileiro. Outra teoria afirma que o ser humano pode ter chegado ao continente Americano partindo do norte da Europa para chegar ao Canadá.
“É muito importante a gente passar para o público essas teorias porque no Brasil existem datações mais antigas sobre a chegada do homem ao continente americano. Essas datações remontam até 50 mil anos atrás. A teoria clássica, que diz que o ser humano chegou ao continente americano há 12 ou 13 mil anos, está sendo amplamente contestada por diversos achados em vários sítios nas Américas do Sul, Central e Norte.
Mas no Brasil é onde existem as datações mais antigas, na Serra da Capivara, e também em Monte Alegre. No sítio da pedra pintada, foram encontradas datações que remontam há 12 mil anos, o que de alguma forma já contradiz a teoria clássica, porque não daria tempo do homem atravessar e ter chegado na Amazônia tão rapidamente”, explica o curador Adriano Filho.
Agende-se
Exposição “Arte rupestre amazônica e a realidade virtual”
Visitação: de terça a domingo, das 9h às 17h
Local: Rocinha, Parque Zoobotânico do Museu Goeldi (Av. Magalhães Barata, 376 - São Brás)
Entrada no Museu: R$ 3
Visitação: de terça a domingo, das 9h às 17h
Local: Rocinha, Parque Zoobotânico do Museu Goeldi (Av. Magalhães Barata, 376 - São Brás)
Entrada no Museu: R$ 3
Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)
Excelente essa mostra. A Amazonia ainda precisa ser desvendada. Os geoglifos do Acre, as Terras Pretas de Índio trazendo informações de que nossos ancestrais nao eram os selvagens que os historiafores ocidentaos nos contaram. Com o trabalho da arqueologia, uma ciência multidisciplinar, vemos que é possivel reescrermos nossa história e valorizar-mo-nos como caboclos orgulhosos de nossa descendência. Parabéns mais uma vez Paulo pela sua sensibilidade jornalística.
ResponderExcluirE você, como sempre, descrevendo de forma técnica, baseado em seus estudos arqueológicos. Obrigado e visite sempre a nossa página!
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