Theatro da Paz guarda homenagem à República
Intitulado “Alegoria à República” o pano de boca - cortina para a boca de cena - do Theatro da Paz é uma obra de arte à parte. Foi pintado na França, no ateliê Carpezat. A autoria é do pernambucano Chrispim do Amaral, pintor, desenhista, caricaturista, jornalista e cenógrafo. Ao que tudo indica, na época, era o único na cidade que reunia condições para a empreitada.
Por anos a autoria do pano de boca foi atribuída a Eugéne Carpezat, cenógrafo francês da Ópera de Paris. No entanto, hoje já se sabe que o grande responsável pela obra foi Chrispim do Amaral. Na época em Paris, ele pintou a peça no ateliê de Carpezat, daí a confusão. O pernambucano é ainda autor do pano de boca do Teatro Amazonas. Por lá, a peça faz referência ao encontro das águas dos rios Solimões e Negro.
A alegoria foi inaugurada no dia 15 de agosto de 1890, na récita da ópera “Ernani”, de Giuseppe Verdi. “Com o Theatro da Paz lotado, o governo apresentou o pano de boca que, em verdade, se constitui na primeira manifestação simbólica oficial do republicanismo entre nós”, diz Sebastião Godinho, advogado, jornalista, pesquisador de temas históricos, membro da Academia Paraense de Letras (APL) e do Instituto Histórico e Geográfico do Pará (IHGP).
Em sua pintura o pano de boca traz - em destaque - a representação da figura de Marianne, personificação da República Francesa. Na cena ela está rodeada de personagens que representam a mistura de raças presentes na Amazônia. Há ainda figuras ligadas à população da república e algumas personalidades mitológicas. A exuberância da mata tropical também é destaque na alegoria.
Durante a gestão do maestro Waldemar Henrique no Theatro da Paz o pano de boca foi encaminhado ao Rio de Janeiro. Os técnicos da Escola Nacional de Belas Artes restauraram a peça para as comemorações do centenário do Theatro, que ocorreu em 1978. Antes da administração do paraense, a alegoria ficou por um tempo esquecida e danificada.
Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)
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