Fãs recordam Stan Lee no primeiro ano de sua morte

O criador da Marvel Comics, Stan Lee, completa um ano de falecido nesta terça-feira, 12. Autor dos personagens de quadrinhos que marcaram a história mundial - Quarteto Fantástico, Homem-Aranha, Pantera Negra, O Incrível Hulk, X-Men, Homem de Ferro e Os Vingadores - Stan Lee era filho de imigrantes judeus que saíram da Romênia para os Estados Unidos.

Há cerca de dez anos, os seus personagens passaram a estrear filmes campeões de bilheteria da Marvel Studios, ocasiões que o desenhista aproveitou para fazer aparições nos longas-metragens que evidenciaram ainda mais a fama entre os fãs de quadrinhos e da cultura pop. Ele faleceu no dia 12 de novembro do ano passado, aos 96 anos. A data será relembrada com o lançamento do primeiro livro póstumo dele, "Aliados da Amazônia", cujos personagens se unem para proteger a a floresta de um inimigo maléfico.

O administrador de empresas Murilo Cardoso, de 38 anos, é um desses fãs que cresceu lendo as HQs da Marvel e, hoje, mantém com zelo alguns bonecos e também uma fantasia do Capitão América, que usa no carnaval. "O Stan Lee conseguiu dar asas e corpo à imaginação de muitas crianças e adolescentes. Ele mostrava que os heróis também enfrentavam dificuldades no cotidiano, semelhantes às dos seres humanos e, mesmo com os problemas particulares, também ajudavam as pessoas almejando melhorar o mundo. Ele foi um cara que mudou realmente a história dos quadrinhos, pois, a partir da criação da Marvel, ele conseguiu incentivar várias crianças ao gosto da leitura através dos gibis"

O quadrinhista paraense Ruy José, que reside no município de Castanhal e trabalha on line como arte-finalista para a Marvel, concorda com Murilo, e destaca que Stan Lee "deu a cara dos quadrinhos como a gente conhece hoje", ao criar personagens realistas. Ele exemplifica o caso do personagem Homem-Aranha, que sobrevive como repórter fotográfico enfrentando dificuldades no dia a dia para trabalhar e pagar as contas.

"O Stan Lee veio com uma pegada da vida real e as pessoas se identificaram com isso". "O Stan Lee era a personificação de todos os profissionais, muito embora ele tenha tido grandes artistas trabalhando com ele. Ele personificava todo o amor e o carinho do mundo dos quadrinhos".

Stan Lee era presidente emérito da Marvel, membro do Conselho Editorial da Marvel Comics, presidente e diretor de criação da POW! Entertainment, fundada com Gill Champion, e fundador da editora multimidia Stan Lee Kids Universe. Ruy observa que, anteriormente, a Marvel era uma editora que publicava apenas histórias de monstros, mas, com Stan Lee conseguiu sair do perfil super-herói "semi-deus", como Super Homem e Mulher Maravilha, para introduzir os super-heróis mais parecidos com pessoas de verdade. "No Quarteto Fantástico, o homem elástico e a mulher invisível são casados e têm problemas de relacionamento. Ela engravidou e teve filhos, como o Franklin Richard", recorda.

Ilustração do livro Aliados da Amazônia, de Stan Lee (Divulgação)

Livro

Antes de partir, Stan Lee elaborou o projeto do livro infantil "Aliados da Amazônia", que destaca a importância da floresta amazônica para o mundo, junto com os cineastas Frederico Lapenda (de 'Homens de Coragem' e 'Fúria'), e Terry Dougas (de 'Feito na América' e 'Super Poderes').

O escritor Gabriel Chalita foi chamado para criar a aventura de personagens com super-poderes, na qual a paz na floresta é abalada pelo monstro 'Lamal', que usa de mentiras e disfarces para ameaçar a vida. O vilão é libertado das profundezas da terra durante uma escavação feita por formigas.

Os seres da floresta passam a ter desavenças frequentes por culpa de Lamal. E, para evitar que o caos se abata sobre a a floresta, os heróis Gabe, o uirapuru (ar); Serena, a vitória-régia (água); Nina, a tartaruga (terra); e Duca, o macaco (fogo) se juntam para investigar o que está acontecendo e irão lutar pelo resgate do equilíbrio e da harmonia social.

Lamal é inspirado no personagem folclórico do Anhangá e, ao longo da narrativa, são apresentadas aos leitores as lendas típicas da região. O livro recebeu ilustrações de Bruno Miranda e foi publicado pela FTD Educação e pela Stan Lee Kids Universe. A promessa é que "Aliados Amazônia" ganhe futuramente uma versão para a televisão, games e outros formatos de entretenimento. "Nesta era tão tecnológica e com a força da marca Stan Lee e da Amazônia, o livro traz uma mensagem de união e de consciência ambiental que tocará os corações e mentes de pessoas de todas as idades”, diz Frederico Lapenda.

Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)