Pesquisa diz que músicas gospel e sertaneja são as favoritas do nortista
O gospel é o gênero musical preferido dos moradores da região Norte do Brasil em 2019. Os dados estão em um estudo nacional sobre os gêneros mais ouvidos em todo o país desenvolvido pela agência de pesquisa de mercado e inteligência Hello Research.
A pesquisa apontou que o gospel teve a adesão de 52% dos nortistas, seguido pelo sertanejo (45%) e em terceiro pela MPB (29%). Outros estilos como o rock, pagode, reggae, eletrônico e rap não atingiram 20% do gosto popular dos nortistas. O aumento no número de evangélicos e a força das grandes gravadoras podem explicar os gêneros preferidos.
As mulheres predominaram entre as entrevistadas que apreciam a música gospel, tendo o gênero a maior média de idade entre os ouvintes. No entanto, o estilo foi o menos ouvido nos smartphones do que na média nacional, com menos usuários do Spotify e o segundo menor índice de multiplicidade de uso de apps.
O aumento do gospel pode estar associado ao crescimento do número de evangélicos na população no Norte. A expansão foi uma das mais expressivas de todo o Brasil, segundo o Censo 2010. O Norte foi a região que mais teve redução no número de católicos, entre 2000 e 2010, com a população passando de 71,3% para 60,6%. Em contrapartida, o percentual do crescimento evangélico, no mesmo período, subiu de 19,8% para 28,5%.
Para o produtor musical e proprietário de estúdio Igor Reys, de 26 anos, o aumento no número de evangélicos tem uma relação direta com a quantidade de pessoas que ouvem gospel, apesar do estilo agradar pessoas que não são evangélicas.
O gênero também mantém boas vendas de mídias físicas. “Hoje em dia uma parcela dos jovens usa a mídia digital, com apps como Spotify e Deezer, mas o povo gospel consume muito rádio. Eles não deixam de consumir o que está tocando na rádio gospel. Os artistas também vendem muito mais CD’s para o público, porque o artista vai cantar em uma igreja e já leva o seu CD para vender”, explica.
Outra demonstração de adesão do público são os shows de bandas nacionais de gospel que lotam em Belém, assim como festivais de música como o Louvor Norte. Segundo Reys, o gênero tem cada vez mais subgêneros, como o sertanejo e o forró, que se misturam com o gospel. “Isso é uma coisa interessante e que vem crescendo no Brasil em geral.
Muitas músicas e bandas novas estão fazendo o gênero gospel mais completo. Hoje tem bandas de forró, como o ‘Som e Louvor’, e tem a dupla André e Felipe, que cantam sertanejo dentro do gospel. Hoje o gênero está mais eclético. Quanto mais cresce o público evangélico mais cresce o gênero, como cada pessoa tem o seu gosto, acaba trazendo para dentro todos esses estilos”.
Na avaliação nacional, seis em cada dez brasileiros ouvem sertanejo
De acordo com o executivo responsável pelo projeto Hello Monitor Brasil, Dorival Mata-Machado, a indústria está passando por um momento chave, a população brasileira está envelhecendo, ao mesmo tempo em que a tecnologia de ouvir música está se renovando. O desafio para reter clientes é oferecer conteúdo equilibrado entre jovens e pessoas maduras engajadas em consumir música todo dia.
O profissional completa ressaltando ser indispensável aos veículos que oferecem música com conteúdo reforçarem seus mecanismos de retenção de ouvintes, de forma que haja um maior equilíbrio entre jovens e pessoas maduras engajadas em consumir este tipo de produto.
Nacionalmente, o sertanejo foi o gênero mais ouvido pelos brasileiros em 2019. Seis em cada dez pessoas afirmam ouvir sertanejo, sendo que 29% têm esse estilo musical como preferido. Geralmente as pessoas escutam, em média, três gêneros musicais, e a lista é completada pela presença da MPB, que ocupa a preferência de 46%, e do gospel (43%). A Hello Research realizou 1230 entrevistas pessoais e domiciliares em 75 municípios das cinco regiões brasileiras. Os resultados apresentam margem de erro de 3% para mais ou menos.
Para o proprietário do selo Na Figueiredo, Natalicio Figueiredo dos Santos, que grava artistas regionais há 20 anos, a força do sertanejo no Norte acontece pelo investimento pesado que as grandes gravadoras fazem em artistas sertanejos, já que o gênero musical está em alta e garante retorno.
“O que acontece hoje em qualquer lugar do Brasil, é que o artista vai ser orientado pelo que dita o mercado, a grande gravadora não está interessada em se ligar para a qualidade. O sertanejo do Centro-Oeste até lá para baixo do país é muito consumido e chega com força grande no Norte e no Pará. É o gênero que está no topo da parada. Eu recebo as pesquisas das músicas mais tocadas no nível nacional, mesmo no Pará as dez mais tocadas são sertanejos. Por este ângulo as gravadoras e artistas vão priorizar isso”, avaliou.
Apesar da música paraense estar mais influente do que em décadas anteriores no cenário nacional, ele acredita que os artistas precisam orientar suas carreiras para fora do Estado para poderem inclusive ter mais relevância no Pará. “O mais importante para os artistas hoje é fazer show e eventos. O artista tem que começar a tocar em outros pontos do Brasil e de fora do País, tem que ir para a Europa e Estados Unidos. Colocar o pé no mundo. O artista paraense tem que buscar o mercado nacional como um todo. Olha o Rock In Rio recente foi um passo muito grande, a visibilidade que o Rock In Rio dá para um artista é gigantesca”, declarou.
Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)
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