Música indígena tem apresentações no Sesc pelo projeto Sonora Brasil
A musicalidade indígena volta com a 22ª edição do projeto nacional Sonora Brasil, do Serviço Social do Comércio (Sesc). Com o tema “A música dos povos originários do Brasil”, o grupo indígena Mbyá-Guarani/Grupo Nóg gã - Kaigang (RS), se apresenta nesta segunda-feira (14), no Sesc em Castanhal e, terça-feira (15), no Centro de Cultura e Turismo Sesc Ver-o-Peso, em Belém. As apresentações ocorrem sempre às 19h e a entrada é franca.
O grupo Teko Guarani está localizado na Aldeia Tekoa Anhetenguá na Lomba do Pinheiro em Porto Alegre, onde vivem 16 famílias Mbyá-Guarani. O coral infanto-juvenil tem por característica a força e o brilho vocal. Eles utilizam o mbaraká (violão) com cinco cordas, cada corda representa uma divindade Mbyá: Tupã, Kuaray, Karaí, Jakairá e Tupã Mirim. O ravé (violino/rabeca) possui três cordas e segundo alguns relatos é um instrumento de invenção indígena, posteriormente aperfeiçoado pelos juruá (não indígenas). O mbaraká miri (chocalho) e o angu´á pú (tambor) têm funções primordiais na sustentação do andamento e ritmo musicais, além da importância no estabelecimento da conexão com as divindades.
O grupo Nóg gã é composto por indígenas de diversas aldeias Kaingang da região de São Leopoldo no Rio Grande do Sul. Os Kaingangs habitam o Sul e o Sudeste do Brasil há séculos. A população é composta atualmente por, aproximadamente, 30 mil pessoas que vivem em cerca de 30 diferentes áreas nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Por meio de pinturas corporais, utilizando linhas e formas circulares, é possível identificar quem são os KAMÉ (marcas compridas) e os KAIRÚ (marcas redondas). Esta distinção definirá as formas de relacionamentos e contato entre as duas partes.
Durante a apresentação realizada no Sonora Brasil, os Kaingangs utilizarão as lanças de guerra como instrumento percussivo. Em contato ao chão, realizam simbolicamente uma demarcação e embasam ritmicamente as marcas coreográficas.
PROJETO - O Sonora Brasil é promovido pelo Serviço Social do Comércio (Sesc), o maior projeto de circulação musical do país, já alcançou 750 mil pessoas, com 6.098 concertos, de 85 grupos, em mais de 150 cidades brasileiras. Ao todo, 431 músicos já se apresentaram no circuito, que a cada biênio aborda duas temáticas diferentes e promove a circulação dos artistas por todas as regiões brasileiras. Em 2019/2020 os temas apresentados serão “A Música dos Povos Originários do Brasil” e “Líricas Femininas - A presença da mulher na música brasileira”. Neste ano, o tema que percorrerá o Pará será “A Música dos Povos Originários do Brasil”.
Uma curadoria formada por profissionais do Sesc de todo o país é responsável pela escolha dos temas e grupos que integram a programação do Sonora Brasil. O tema “A Música dos Povos Originários do Brasil” será apresentado por meio de quatro circuitos, com dois grupos diferentes em cada, mostrando um pouco da diversidade musical e estética dos povos indígenas. Os circuitos são compostos pelos grupos tradicionais: Teko Guarani, do povo Mbyá-Guarani (RS) e Nóg gã, Kaingang (RS); Dzubucuá, do povo Kariri-Xocó (AL) e Memória Fulni-ô, Fulni-ô (PE); Opok Pyhokop, do povo Karitiana (RO) e Wagôh Pakob, do Paiter Surui (RO); e pelo grupo Wiyae que reúne os trabalhos da artista indígena Djuena Tikuna (AM) e da cantora e pesquisadora Magda Pucci (SP) do grupo Mawaca.
“Há 22 anos, o Sonora Brasil desperta o interesse do público para expressões musicais identificadas com a história da música brasileira, apresentando grupos que estão fora dos grandes centros culturais. Durante dois anos os artistas se revezam pelo país, percorrendo todas as regiões, em extensa programação cultural”, explica Gilberto Figueiredo, analista de cultura do Departamento Nacional do Sesc.
Até o fim de 2019, os 63 artistas dos dois temas farão 350 apresentações, em 97 cidades. O tema “Líricas Femininas” circulará pelas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste enquanto o tema “A Música dos Povos Originários do Brasil” seguirá pelas regiões Norte e Nordeste. No ano seguinte os grupos invertem as regiões fazendo com que todos circulem por todo o país.
“O Sonora privilegia temas que mantenham as raízes da música brasileira e que não tenham uma abordagem recorrente na mídia. Este ano estamos indo além, reforçando a importância do olhar diferenciado para a música feminina e indígena”, conclui Gilberto. O projeto continuará a circular no Pará nos meses de outubro e novembro.
Agende-se
Sonora Brasil - A Música dos Povos Originários do Brasil - Grupo Mbyá-Guarani / Grupo Nóg gã - Kaigang (RS)
Castanhal
Data: segunda-feira, dia 14/10
Hora: 19h
Local: Sesc em Castanhal (Av. Barão do Rio Barão, 10 – Nova Olinda)
Belém
Dia: terça-feira, 15/10
Hora: 19h
Local: Centro de Cultura e Turismo Sesc Ver-o-Peso (Boulevard Castilho França, 522/523)
Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)
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