Versão digital de livros ganha espaço no País
Com a criação de novas tecnologias e a convergência das mídias por meio da internet, cada vez mais, os livros impressos deixam de ocupar estantes e prateleiras e vão parar dentro de dispositivos móveis digitais. Um estudo realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) mostrou que a indústria do livro fechou 2018 em queda pelo quinto ano consecutivo. No último ano, o mercado editorial apresentou redução nominal de 0,9%, o que significa um decréscimo real de 4,5%, considerando a inflação do período.
O mercado editorial ainda perdeu, nos últimos 13 anos, 25% de seu faturamento, de acordo com o levantamento. Entre as categorias em destaque, os livros religiosos foram os que tiveram melhor desempenho, apresentando queda real de vendas de 2,6%. Os livros didáticos registraram retração de 9,1%, e o segmento de obras gerais caiu 6,8%.
Pelos corredores da Feira Pan-Amazônica do Livro, que é realizada em Belém anualmente, o cenário não foi diferente na última semana. Em entrevista à reportagem, expositores concordaram que, mesmo com a greve dos caminhoneiros no ano passado - que influenciou negativamente a venda de livros durante o evento -, o consumo dos produtos apresentou queda ainda maior este ano. Segundo os profissionais, muitas pessoas iam até os estandes para pesquisar preços, mas não levavam os livros, mesmo com as promoções.
Na Feira Pan-Amazônica do Livro, os visitantes aproveitaram para comprar as obras com descontos especiais (Cristino Martins / O Liberal)
Na avaliação do publicitário Edmilson Duarte, especialista em comportamento do consumidor, esses resultados são fruto do contexto de desenvolvimento tecnológico pelo qual passa o mundo todo. Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontou que, no Brasil, já existem mais smartphones do que pessoas. Segundo o estudo, são 220 milhões de celulares em funcionamento no país, contra 207,6 milhões de habitantes, com base em dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“A maior parte das pessoas possui smartphone com acesso à internet e, consequentemente, consomem informação em tempo real, por meio de sites especializados, portais de notícias e blogs, que têm crescido no país. Esse contexto faz com que as pessoas se contentem com esse nível de informação, pois estão cada vez mais familiarizadas com as tecnologias. Para leituras maiores, preferem e-books, por exemplo”, explicou.
Duarte alerta, no entanto, para o comportamento de cada usuário. O especialista disse que, embora existam muitas pessoas presentes nas plataformas digitais, também há um público que dá preferência para os livros impressos, por questão de costume. “Claro que o número de pessoas que consomem livros físicos pode diminuir, mas não acredito que esse mercado vá acabar”, opinou.
‘Não abro mão dos impressos em caso de coleções’
Uma das pessoas que permanecem entre os consumidores de livros impressos é a assistente social Fernanda Karen, de 28 anos, que também é colunista do blog Garota Pai d’Égua. A paixão pelos livros surgiu ainda na infância, com a leitura de revistas em quadrinhos, mas foi na adolescência que ela passou a ser adepta das compras e das coleções, já que guardava o dinheiro do lanche para adquirir os produtos. Hoje, Fernanda possui cerca de 250 livros em seu acervo, e, só com eles, já gastou cerca de R$ 10 mil, considerando o preço médio de R$ 40 por livro. Outros ela chegou a doar ou vender a preços mais baixos.
"Mesmo tendo 250 livros, já li muito mais que isso, porque, no início, emprestava de amigas. A minha biblioteca só iniciou, de fato, quando comecei a trabalhar e pude investir o meu próprio dinheiro nas minhas leituras”, relembrou. Hoje, Fernanda compra de um a dois livros por mês. “Para não gastar tanto, busco formas de economizar, lendo e-books. Só não abro mão dos impressos em caso de coleções porque alguns costumes não morrem”, comentou a colunista.
No caso da Feira do Livro, Fernanda já frequenta há pelo menos 15 anos, desde os tempos de colégio. Para ela, o evento é um grande estímulo a quem ainda está construindo o hábito de leitura, por conta dos valores acessíveis, que, em muitos estandes, não passam de R$ 10.
Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)
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