Delcley Machado reabre a exposição 'Risco D'água' para o público
O músico e artista plástico Delcley Machado abre nova temporada de visitação à sua exposição "Risco D'água", que agora poderá ser apreciada na Casa do Fauno (Aristides Lobo, 1061, entre Benjamim e Rui Barbosa), a partir desta quinta-feira, 5, com vernissage às 19h.
O músico reconhecido, consolidado, senhor de si, 25 anos depois tem a sabedoria de admitir, com sagacidade e frescor, que sua alma trilha dois caminhos, ou bebe de duas fontes, cujas origens lhe vêm abençoadas do primeiro alento. Porque compõe-se dessas dubiedades, avanços, ousadias e façanhas do compositor/cantor/instrumentista abrem-se, agora, para abrigar um lado seu que só nas aparências permaneceu dormente ao longo de duas décadas e meia.
Filho de músico e de artesã, o homem se apodera de suas duas sementes e, sem retoques, abre as portas de sua casa para exibir sem sombreamentos aos visitantes, no clarão da luz do dia, suas escolhas mais evidentes e declarar "o gosto" tomado desde criança pelo desenho.
Empenhado desde 2018 a reconstruir as dádivas da criação materna, sua própria exposição como artista plástico, a segunda da carreira, já representa um risco, mais um dos muitos aos quais sempre expôs seu talento: da mesma sutileza com que fere as cordas, o arista retira, então, seu título - "Risco D'Água" - imagens de peixes que saltam da natureza para um contato poético com o abstrato, fixadas nas telas com uma mistura de técnicas que lançam mão de nanquim e aquarela.
Delcley Machado tem no simbolismo do peixe uma inspiração para suas obras (Divulgação)
"Acho que as artes se completam e podemos sim achar música nas cores e vice-versa", recomenda o artista. "Tudo está relacionado". Seu risco, no entanto, é este, o do rompimento, o da passagem, o da iniciação, o do recomeço, ao qual poucos - na realidade muito poucos - se atrevem.
"Eu sempre fui a favor do romper das bordas com relação à arte", reitera. No encanto da experiência com o novo, no salto sobre o abismo da mudança, Delcley experimenta também a resistência de algumas pessoas, sua dificuldade eventual de aceitação, principalmente no campo da música. "Este ciúme pode ser fruto da falta de ousadia. Outras pessoas aceitam bem demais", compara. "Os que não entendem é simplesmente por não conviverem com outras artes diferentes das que dominam".
Seus esboços iniciais, que mostravam sempre a forma de peixes com características próprias, saídas da imaginação do artista, deram origem à série de quadros que compuseram sua primeira exposição, no Espaço Cultural Boiúna, depois levada para o salão do Sesc Ver-O-Peso e que agora chega à Casa do Fauno.
Nas telas, uma leitura visual dolorosamente contemporânea da Amazônia, sintetizada em traços que traduzem a modernidade mais enfrentada do que vivida pela região, num olhar específico que aponta com agudeza para as belezas em transformação, as dores do mundo amazônico, suas possibilidades insuspeitas e sua crescente exposição ao risco de destruição.
Fontes: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)
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