Salomão Larêdo é o único paraense na lista de escritores brasileiros do século XXI



Ao lado de outros 46 autores do Brasil, o escritor Salomão Larêdo é o único paraense a integrar o Dictionary of Literary Biography Style Manual. O trabalho é uma publicação da editora norte-americana Bruccoli Clark Layman Book, que contrata professores de diversas universidades do mundo para escrever sobre escritores proeminentes de todos os tempos.
A iniciativa, que foi criada em 1991, é voltada para pesquisadores e acadêmicos. Esta edição, em específico, trata de uma seleção de escritores brasileiros ainda vivos do século XXI. A escolha, neste caso, foi baseada em autores escolhidos a partir da qualidade da produção literária e da importância do percurso pessoal e profissional.
De Cametá, no Baixo Tocantins, Salomão Larêdo se diz orgulhoso de fazer parte de uma publicação biográfica que soma ainda nomes como Chico Buarque, Paulo Coelho, Luis Fernando Veríssimo, Marilene Felinto, Marcelo Rubens Paiva, Marçal Aquino, Muniz Sodré, Luiz Ruffato, Milton Hatoum, Fernanda Young e outros. "O fato de estar junto de escritores famosos significa que a literatura brasileira que se faz no Pará é uma literatura de ótima qualidade, não só o que é feito pelo Larêdo, enquanto escritor, como também por outros nomes", ressalta.
Para o autor, o reconhecimento que vem de fora do país demonstra ainda a qualidade literária do que é produzido na região amazônica. "Fico contente de estar sendo valorizado por uma universidade de fora do Brasil porque para eles eu tenho relevância, eles entendem que a literatura que eu faço é relevante - assim como o trabalho que vem sendo feito por outros escritores daqui. Isso normalmente não se tem aqui, não temos reconhecimento, não somos valorizados regionalmente", critica o escritor, que já publicou mais de 40 livros ao longo da carreira, entre romances, memórias, mitopoéticas, poemas e contos.
A professora carioca Magda Silva, que há 20 anos ministra a disciplina de Estudos Brasileiros e Língua Portuguesa na Duke University, nos Estados Unidos, foi a responsável pelo perfil biográfico de Larêdo. Ela conta que conheceu os trabalhos do paraense por meio de outra professora, Cíntia Costa, em 2012 e se interessou pelo modo de escrita do autor. "Me interessei pelo estilo e forma narrativa da escrita do Salomão. Me chamou atenção o conteúdo a um tempo local e universal de seus romances, uma mistura que não só revela seu conhecimento eclético, mas também sua habilidade em combinar harmoniosamente a Amazônia com o mundo", elogia.
Segundo a docente, o dicionário tem o "objetivo de tornar acessível o conhecimento público de obras literárias como dramaturgia, ficção, poesia, comédias, artigos, traduções e romances".
Com um único nortista na lista, a pesquisadora reconhece as dificuldades de enfrentar o monopólio cultural do eixo sul-sudeste. "Imagina o quanto se perde pelo fato de escritores (e músicos, e artistas, etc) ficarem fora do circuito cultural? Felizmente hoje em dia a internet possibilita uma brecha de inclusão (...). Mas quando a produção é de tão alta qualidade quanto a escrita do Salomão, o desenvolvimento da literatura feita na Amazônia tem tudo para ser reconhecido e apreciado no palanque mundial", pontua.

Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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