Coletivos do Amapá e São Paulo trazem peça a Belém sobre a realidade amazônica



Um percurso por fora da Amazônia idealizada passando por ambientes urbanos e de floresta é a história contada pela peça ‘Lugar da Chuva’, que será apresentada nos dias 16 e 17 de agosto, no espaço Casa dos Palhaços, bairro do Reduto. O espetáculo dos coletivos Frêmito Teatro (Macapá-AP) e Agrupamento Cynétiko (São Paulo-SP) têm entradas gratuitas.
A proposta do trabalho é reinventar poeticamente a Amazônia amapaense a partir do caldo de nativos, habitantes e viajantes, buscando um lugar de troca onde se possa construir a reflexão. O teatro serve para refletir sobre uma Amazônia atual, urbana, globalizada, com as questões que movimentam o momento. Paralelo a isso, o espelhamento e estranhamento com a natureza, ancestralidades e tradições, buscando ir além dos estereótipos sobre a floresta enquanto um lugar inabitado e sem história.
Os atores Raphael Brito e Wellington Dias abrem mão da chamada “quarta parede” - a ‘separação’ entre palco e plateia - para recepcionar o público e convidá-lo a adentrar num barco imaginário, por onde a viagem se inicia. A partir daí, numa espécie de jogo narrativo onde não há personagens fixos, eles vão conduzindo a imaginação do espectador por diversos locais reais e fictícios do Amapá.
“São dois personagens que trazem este universo para o espectador através das suas vivências, não é a Amazônia idealizada que temos. É uma Amazônia com olhar urbano, o que acontece em cidades em Macapá e Belém”, declara o produtor local Marton Maués.
O texto de Ave Terrena foi escrito a partir da sua vivência em Macapá, o que é definido pela autora como uma “dramaturgia cartográfica”, onde cada cena é uma ilha independente, mas que está em composição com o todo. Uma aposta numa mistura de fluxo narrativo e poético nas falas.
Apesar de se passar em Macapá, a Amazônia de ‘Lugar da Chuva’ é muito próxima dos paraenses. “É uma grande metáfora. Tudo se passa no universo de Macapá, mas apesar de ter olhar local ela aponta para o universal, porque as questões são vividas em qualquer metrópole do Brasil”, complementa Marton.
A peça também conta com projeções de vídeo, criadas por Luciana Ramin, exibindo imagens registradas em Macapá durante o processo de criação. O material bruto foi editado pela artista tendo como inspiração a estética da videoarte, em que busca re-imaginar as paisagens amapaenses pelo viés da poética visual.
O cenário do espetáculo é minimalista, composto de peças compactas e modulares que podem se adaptar a diferentes espaços, permitindo que a peça seja viajante assim como os narradores. A diretora de arte Daniele Desierrê compôs com elementos visuais, táteis e olfativos que fazem parte do modo de vida na Amazônia, na tentativa de demonstrar o fluxo contínuo entre a cidade e a floresta. Boa parte dos elementos utilizados foram coletados por ela durante a residência em Macapá.
Além do espetáculo, o grupo também oferece uma oficina gratuita de teatro chamada "O Ator Fluvial" no dia 19 de agosto, onde compartilha um pouco de sua pesquisa sobre poética da narrador e a presentificação na cena.
A passagem do espetáculo e da oficina por Belém é parte de uma série de apresentações que contam com o apoio do Edital de Patrocínio do Banco da Amazônia (Basa), também circulando pelas cidades de Macapá e Manaus.
Agende-se: Espetáculo 'Lugar da Chuva'
Datas: 16 e 17 de Agosto de 2019
Local: Casa dos Palhaços (Travessa Piedade, 533 - Reduto - Belém-PA)
Horário: 20h
Entrada: Gratuita
Distribuição de ingressos 1h antes de cada apresentação
Classificação etária: 14 anos
Oficina 'O Ator Fluvial'
Datas: 19 de Agosto de 2019
Local: Casa dos Palhaços (Travessa Piedade, 533 - Reduto - Belém-PA)
Horário: 19h às 22h
Inscrições: Gratuitas - 30min antes da oficina, no local
Vagas: 20 vagas, por ordem de chegada
Classificação etária: 14 anos

Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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