Projeto do grupo Usina leva espetáculos e oficinas para 11 cidades do Pará
A caravana "Mambembarca" vai subir o rio Amazonas viajando mais de 1000 km de barco com uma trupe de 12 artistas apresentando espetáculos e ministrando oficinas. A mostra de abertura ocorrerá em Belém nesta quarta-feira, 3, e seguirá até dia 7 de julho, no Teatro Waldemar Henrique. Na sequência, a trupe segue percorrendo 11 cidades até chegar ao município de Santarém, oeste do estado. Tanto os espetáculos como as oficinas serão gratuitas.
O projeto foi idealizado no ano passado pelo grupo Usina de Teatro, que tem mais de 30 anos de tradição no Pará. Alberto Silva Neto, que é diretor do grupo Usina e coordenador do projeto, explica que a ideia surgiu a partir da necessidade de descentralizar as ações artísticas no país, já que as ações culturais são centralizadas nos grandes eixos culturais e centros urbanos.
Diante dessa percepção, o grupo resolveu mapear 11 cidades entre os pólos Belém e Santarém para levar criações com temas amazônicos que procuram traduzir cenicamente a vida do povo da floresta. O grupo Usina vai apresentar seu repertório de teatro da floresta com as produções "Solo de Marajó", "Pachiculimba" e "Parésqui". E para completar a trupe o grupo convidou o núcleo Macabéa, de São Paulo, com o espetáculo "Dezuó, breviários das águas".
O espetáculo 'Pachiculimba' tem como base os saberes dos povos indígenas (Alberto Silva Neto / Divulgação)
"E assim vamos subir o rio Amazonas viajando por 11 cidades durante 55 dias levando por meio do teatro ações de sensibilização para estimular reflexão crítica sobre a própria realidade, já que os espetáculos têm um discurso político muito forte. Nós queremos que o teatro seja um instrumento que provoque uma reflexão crítica sobre os dramas do povo que habita a Amazônia", diz Alberto Silva.
Em cada cidade a caravana aportará durante três dias levando na programação os quatro espetáculos e mais duas oficinas. O público vai poder fazer suas inscrições de forma gratuita. Ao longo da experiência e vivência desses dias de viagem, os artistas e visitantes do projeto serão convidados a participar do diário de bordo, que servirá de material para a elaboração de uma revista virtual e impressa.
A finalidade da publicação é de compartilhar a experiência vivida na caravana da arte. "Nós queremos democratizar ao máximo essa publicação com o pensamento plural. Esse material vai servir de consulta para pesquisadores e interessados pela arte", completa o coordenador do projeto.
O projeto Mambembarca tem apoio cultural do Programa Rumos Itaú Cultural Edição 2017/2018, com colaboração local de Governo do Pará via Fundação Cultural do Pará, Centro de Danças Ana Unger e Sol Informática.
O projeto Mambembarca tem apoio cultural do Programa Rumos Itaú Cultural Edição 2017/2018, com colaboração local de Governo do Pará via Fundação Cultural do Pará, Centro de Danças Ana Unger e Sol Informática.
Peças teatrais e oficinas se complementam
O projeto pedagógico da ação Mambembarca propõe que todas as oficinas ofertadas se desenvolvam a partir do compartilhamento com os participantes de procedimentos e princípios criativos utilizados na criação dos espetáculos, de modo que assisti-los sirva como complemento deste caráter formativo.
Temas: Oficina 1: A dimensão pública do ato teatral, Oficina 2: Texto e experiência, Oficina 3: Dramaturgia pessoal do ator, Oficina 4: À flor da pele - um encontro com o teatro, Oficinas 5 e 6: Mímesis corpórea I e II.
Os espetáculos são: Parésqui, em que duas atrizes imitam gesto e fala de oito pessoas de uma mesma família de ribeirinhos que habitam a Ilha do Combu, em frente a Belém, para narrar fragmentos de suas histórias de vida;
O grupo Macabéa, de São Paulo, participa como convidado da caravana, com o espetáculo 'Dezuó' (Cacá Bernardes/ Divulgação)
Solo de Marajó, no qual sozinho sobre o palco vazio, um ator narra oito histórias adaptadas do romance Marajó, de Dalcídio Jurandir, para fazer um retrato dos povos que habitam pequenas cidades da Amazônia;
Em "Pachiculimba", um ator-performer busca inspiração em saberes de povos indígenas para narrar sua mitologia pessoal, em encenação-cerimônia que acontece ao entardecer, a céu aberto;
'Dezuó, breviário das águas' narra a trajetória do menino Dezuó e sua família desde a expulsão da comunidade onde vivem, por causa da construção de uma hidrelétrica, até a chegada a uma cidade grande.
Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)
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