Exposição "Rito Resistência" traz cultura plural, individual e coletiva paraense



Singular e ao mesmo tempo plural, individual e também coletiva, a cultura paraense é o mote da exposição Rito Resistência, da artista paraense Evna Moura. Os trabalhos reunidos trazem recortes de um Pará que perpassa por vários caminhos entre o tradicional ritualístico e vivências mais recentes, em uma trajetória sensorial para que o público experiencie um encontro das suas próprias raízes e de uma revisitação ao "eu". A mostra segue em exposição na Fundação Cultural do Pará, por meio da Galeria Theodoro Braga, até o dia 2 de agosto. A entrada é franca.

Moura comenta que decidiu explorar um temática paraense por conta das infinitas possibilidades dentro de um tema, que tem se perdido na memória do seu próprio povo. "Meu objetivo é de sensibilizar um pouco mais de respeito pelas histórias ancestrais que estão se perdendo na cultura amazônica. Não digo apenas no sentido religioso, mas como identidade. É trazer um olhar para dentro de uma coisa mais próxima da cidade e das ilhas", explica.

Com 11 trabalhos em exposição - entre fotografia, pintura, vídeo, desenho e outras técnicas mistas - a paraense avalia que o percurso pela cultura paraense "propõe ao espectador vivenciar uma viagem sob um olhar entre seus povos tradicionais, suas particularidades, cultos, misticismos, resistências e cultura”. A artista ressalta ainda que a mostra é pautada entre o ficcional e o documental, mesclando técnicas utilizadas que caminham entre o tradicional e o contemporâneo de experimentação da imagem.  

Ela, que estreia a primeira mostra individual da carreira, explica que a exposição foi dividida em três partes. A primeira tem como percurso a Amazônia ancestral e de resistência. "Trago esse momento ritualístico para entender esse lugar que é único e mistura também candomblé e pajelança", explica. Neste momento, a performance é utilizada como ferramenta de diálogo e proximidade com esses discursos somada ao uso de um áudio para criar uma ambientação.
A segunda parte, considerada pela artista com "uma pegada mais documental", é composta por imagens que trazem particularidades da atualidade cultural do Estado, como música e paisagens, além de povos, personagens e locais, como as erveiras do Ver-o-Peso, por exemplo. Já no terceiro momento entra em cena imagens em técnicas de experimentações fotográficas analógicas e técnicas mistas com pinturas sobre fotografia, além de ensaios com sal e limão nos negativos - que transmitem a ideia de um processo mais orgânico e manual na visita destes lugares. Para a expositora, este último caminho mostra uma "mistura ritualística" por meio do mix de técnicas de imagem.

ARTISTA - Evna é mestranda em Artes pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), em São Paulo, e graduada em Artes Visuais pela Universidade Federal do Pará. Ela fez parte do Núcleo de Formação e Experimentação na Associação Fotoativa em Belém e do Núcleo de Documentação e Pesquisa, da mesma instituição, além de participar como artista convidada no Centro de Fotografia de Montevidéu, no Uruguai.

Atualmente, como pesquisadora, ela explora as riquezas culturais e pluralidades encontradas em território paraenses, especificamente nos trabalhos manuais na Ilha de Cotijuba, uma das 42 que integram o arquipélago de Belém. Neste trabalho, ainda em desenvolvimento, a artista foca em processos artesanais para um projeto que, quando concluído, será lançado pela conclusão de um trabalho em conjunto com as comunidades ribeirinhas envolvidas.

Serviço: Exposição Rito Resistência, de Evna Moura 
Até 2 de agosto, na Galeria Theodoro Braga (Fundação Cultural do Pará - Av. Gentil Bittencourt, 650)
Horário de visitação: de segunda a sexta, das 9h às 19h
Entrada franca 


Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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