Aniversário de 70 anos de publicação de 'O Segundo Sexo' tem edição comemorativa



Uma das maiores referências teóricas do movimento feminista, o livro 'O Segundo Sexo' publicado originalmente em 1949 mantém ainda hoje o impacto e força. Para celebrar os 70 anos dessa obra-prima, na qual Simone de Beauvoir analisa o que é ser mulher em um mundo dominado pelo patriarcado, a editora Nova Fronteira lança uma edição especial, que está chegando às livrarias de todo o país.
Com uma investigação que mistura conceitos da psicanálise, filosofia, antropologia, história e outros campos do conhecimento, o consagrado ensaio de Beauvoir se divide em dois volumes. No primeiro, “Fatos e mitos”, a autora examina os desequilíbrios do poder entre os sexos e se propõe a pensar sobre a posição de 'outro' que as mulheres ocupam na sociedade. Já em “A experiência vivida”, avalia como a mulher é compreendida no casamento, na maternidade, na vida social, na maturidade e na velhice.
No box comemorativo da Nova Fronteira, os dois tomos que compõem 'O Segundo Sexo' vêm acompanhados de um livreto com análises atuais das ideias da escritora francesa. Além de artigos assinados pela historiadora Mary Del Priore, pela antropóloga Mirian Goldenberg e pelas filósofas Djamila Ribeiro e Marcia Tiburi, o volume, ilustrado com fotos históricas de Beauvoir, inclui uma entrevista com sua filha adotiva e editora Sylvie Le Bon de Beauvoir.
Ao falar sobre a obra, Marcia Tiburi ressalta a importância para a segunda onda do movimento feminista e explica por que leitores e leitoras deveriam conhecê-la. “[Este livro] deveria ser lido não apenas por feministas, mas por mulheres, homens e todas as pessoas que, de um modo ou de outro, estão marcadas pela questão de gênero. E isso por que se trata de um livro básico, que nos ensina a pensar sobre as desigualdades e os privilégios de gênero, aqueles que experimentamos como os mais naturais sem perceber como nos marcam e nos fazem sofrer”, diz.
A escritora Simone de Beauvoir nasceu em Paris em 9 de janeiro de 1908, numa típica família burguesa da França. Criada de forma bastante tradicional, ainda na adolescência rejeitou os valores morais e religiosos de sua família. Formou-se em Filosofia na Sorbonne, onde conheceu Jean-Paul Sartre, em 1928, tornando-se sua companheira e maior crítica. Entre 1941 e 1943, Simone lecionou filosofia na mesma universidade em que estudou, sendo demitida pelos nazistas. Entre romances, ensaios e memórias, lançou mais de vinte obras. Morreu em 14 de abril de 1986, em Paris, e foi enterrada junto a Sartre.

Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

Nenhum comentário