Aos 72 anos, morre a "madrinha do samba", Beth Carvalho



Ícone do samba e da Música Popular Brasileira, a cantora e compositora Beth Carvalho morreu na tarde desta terça-feira, 30, no Rio de Janeiro. Ela estava internada desde o início de 2019 no Hospital Pró-Cardíaco, em Botafogo, Zona Sul da cidade. A causa da morte foi infecção generalizada, de acordo com a diretoria do hospital.
A sambista passava por problemas de saúde há cerca de dez anos. Em meados de 2009, Beth sofreu uma fissura na coluna vertebral. De lá para cá, a cantora cancelou vários shows por conta das fortes dores que sentia. Entre idas e vindas aos hospitais, a artista chegou a passar mais de um ano internada, e entre 2011 e 2012 contraiu uma infecção pulmonar e foi parar no CTI, tendo alta somente em 2013.
No ano passado, a "madrinha do samba", como ficou eternizada na música brasileira, fez um show histórico na cidade do Rio de Janeiro ao lado do grupo Fundo de Quintal. Sofrendo com fortes dores e com a mobilidade reduzida, a cantora se apresentou deitada em uma espécie de cama. Visivelmente abatida, mas com a força que a caracteriza, Beth emocionou o público presente cantando clássicos de sua obra, como "Linda Borboleta", "Agoniza Mas Não Morre" e "Passarinho".
Por meio das redes sociais, a assessoria da cantora divulgou a seguinte nota:
"Queridos amigos e fãs, nossa querida Beth Carvalho partiu hoje às 17h33, cercada do amor de seus familiares e amigos. Agradecemos todas as manifestações de carinho e solidariedade nesse momento. Beth deixa um legado inestimável para a música popular brasileira e sempre será lembrada por sua luta pela cultura e pelo povo brasileiro. Seu talento nos presenteou com a revelação de inúmeros compositores e artistas que estão aí na estrada do sucesso. Começando com o sucesso arrebatador de ‘Andança’, até chegar a Marte com ‘Coisinha do Pai’, Beth traçou uma trajetória vitoriosa laureada por vários prêmios, inclusive um Grammy pelo conjunto da obra. Assim que possível, informaremos sobre o sepultamento".
Carreira
Com mais de 50 anos de carreira, Elizabeth Santos Leal de Carvalho nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 1946. Ainda na infância, descobriu seu talento artístico, e já demonstrava gosto pela música ao ter ganhado um violão de presente dos avós. Na adolescência, descobriu e se apaixonou pela Bossa Nova, movimento artístico em que iniciou sua trajetória profissional. Após ter o pai preso durante a ditadura militar, a jovem Beth começou a dar aulas de música.
Em 1965, gravou o seu primeiro compacto, com a música "Por Quem Morreu de Amor", composta por Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli. Um ano depois, já envolvida com o samba, Beth participou do show "A Hora e a Vez do Samba", ao lado de Nelson Sargento e Noca da Portela. Durante esse período, surgiu a era dos festivais de música, e a sambista participou de praticamente todos os festivais mais famosos, como o Festival Universitário, Brasil Canta no Rio, e o Festival da Canção (FIC), onde conquistou o 3º lugar com a canção "Andança", de Edmundo Souto, Paulinho Tapajós e Danilo Caymmi.
Durante as mais de 5 décadas de carreira, gravou mais de 30 álbuns de estúdio e 5 DVDs ao vivo. Foi indicada a seis Grammys Latinos, vencendo dois, em 2009, pelo "Prêmio Especial - Conquista de Toda uma Vida", e em 2012, pela categoria "Melhor Álbum de Samba/Pagode". Em 2015, foi indicada nas categorias "Melhor Álbum de Samba" e "Melhor Cantora de Samba" pelo Prêmio da Música Brasileira.
Botafogo
Torcedora delcarada do Botafogo, Beth Carvalho fez a música "Botafogo Campeão" em 1989 para homenagear o título e aquebra de um jejum de 21 anos sem ganhar trofeus.
Em 1995, ela gravou o hino do clube carioca em um álbum lançado pela revista "Placar", ao lado de Ed Motta, Claudio Zoli e Eduardo Dussek. A música "Amor Em Preto e Branco" também é em homenagem ao Glorioso.
A torcida retribiu adotando a música "Vou Festejar", interpretada por Beth Carvalho, como cântico nos estádios.

A cantora também não escondia seu amor pela Mangueira e pelo bloco Cacique de Ramos. Em 1997, "Coisinha do Pai” foi programada pela engenheira brasileira da NASA, Jacqueline Lyra, para "acordar" um robô em Marte.


Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

Nenhum comentário