Projeto resgata produção dos mestres compositores do Pará




"O Amazônia Tan Tan" é uma viagem pelas águas da região do Salgado, no Pará, e coleta músicas, compositores e histórias de mestres da região que dividem a vida entre o meio de subsistência e o dom da arte. Em meio a esse percurso foram selecionados alguns personagens para serem protagonistas do DVD, que será apresentado nesta quinta-feira (24), no Sesc Boulevard, às 19h. A entrada é gratuita.
O cantor e compositor Almizinho Gabriel é idealizador do projeto e disse que a expedição pela região do Salgado foi possível por meio do edital do Natura Musical 2016 e Lei Semear. Com o projeto aprovado, ele saiu de Bragança e passou por Urumajó, em Ajuruteua; Bonifácio, em Vila Fátima; Tracuateua, Vila Maú, Vila Silva, Cafezal e Santarém Novo, onde ele e a equipe tiveram a oportunidade de escutar muita música e histórias.
"Durante esse processo fui falando com muita gente e realizando o trabalho de produção artística e de direção. Depois de conhecer e fazer o trabalho de curadoria passamos para a etapa das gravações, onde fui muito livre para escolher os arranjos e toda a direção musical. Gravamos em estúdio e também ao vivo e saiu o Amazônia Tan Tan", explica Almirzinho Gabriel.
Entre os escolhidos para integrar o projeto estão os mestres Lázaro, Antônio da Rabeca, Ladainha, Ticó, Veloz, Tatu, Alex Ribeiro e os Pretinhos. Depois de toda a curadoria foi realizado mini-documentário com cada personagem, no qual eles falam da vida deles e ao final foi feito o clipe de algumas músicas escolhidas. 
Todo esse trabalho de levantamento está documentado no DVD e no site "Amazônia Tan Tan" como forma de divulgar para o mundo o trabalho dos mestres. O projeto resultou em 10 clipes e 10 mini-documentários. "Me senti muito livre para realizar esse trabalho, tanto no processo de arranjos como na construção do audiovisual", completa Almirzinho Gabriel.
No lançamento desse trabalho em Belém será apresentado o DVD com os mini-documentários e clipes e além de um bate-papo com alguns dos personagens que estão em Belém para esse momento de troca. 
O projeto teve direção de fotografia de Renato Chalu da Jambu Filmes, coordenação de produção de Fagner Yanomani, criação gráfica de Bina Jares e Filipe Almeida, edições de video de San Marcelo e Eduardo Costa, edições de audio de Thiago Albuquerque, textos de Luciana Medeiros e participação dos músicos convidados.
Conheça os mestres que fazem parte do Amazônia Tan Tan
Alex Ribeiro - É jornalista e historiador, mas em 2009 deu início ao trabalho com música de forma profissional. Ele diz que o envolvimento com a música é uma forma de dizer o que pensa. No momento ele está trabalhando para o lançamento do disco "O verbaloide", que contém composições autorais e em parceria com outros amigos. "É um disco existencialista, que reúne canções autorais. O meu envolvimento com a música é muito grande, pois vejo a música como um meio de comunicação importante para me expressas, por meio dela posso dizer o que penso", pontua Alex Ribeiro, o mais novo da turma de mestres.
Lázaro - Carpinteiro e compositor na Vila dos Pescadores em Ajuruteua, é também um grande contador de histórias e improvisador. Começou a compor aos 14 anos, mas não toca nenhum instrumento, faz a música da cabeça.
Antônio Rabequeiro - Músico auto didata, que aprendeu a tocar rabeca ainda criança, sob luz de lamparina. Atualmente ele é um dos mais requisitados rabequeiros da região, particpando de várias Marujadas, como Vila Fátima, Primavera, São Joao de Pirabas, Quatipuru, Boa Vista, e ajuda na de Bragança.
Tatu - Nascido no Amapá, veio ainda na infância estudar em Belém e acabou indo parar em Bragança, onde mora até hoje e é reconhecido como um exímio tocador de cavaco.
Veloz - Comandante de barco de pesca, nascido na Vila do Araí, a 50 km de Augusto Correia, ou Urumajó, e que recebeu este apelido pela agilidade com que navega e pesca. Raimundo dos Santos, 54 anos, tinha apenas 15 quando a compôs sua primeira música, em uma das vezes que foi com o pai ao mar num dia de pescaria. “A música sempre esteve na minha vida. Comecei sozinho, molecote, já compondo e cantando”.
Ticó - Um dos mestres do grupo “Quentes da Madrugada”, o principal grupo de Santarém Novo, município que mantém uma tradição secular de carimbó na região.
Ladainha - Pescador de Cafezal, que além de um excelente tocador de maracas, também é artesão e confecciona o próprio instrumento. O apelido recebeu ainda jovem quando costumava frequentar a igreja e já gostava de cantar. Nascido e criado naquela região que liga várias cidades com a tradição do carimbó, teve oportunidade de conhecer vários mestres da zona do salgado paraense, como Mestre Lucindo e Mestre Pelé, ambos de Marapanim, e Chico Braga, de Algodoal.
Kzam - Responsável por manter na ativa uma das manifestações mais antigas e populares da comunidade de Santarém Novo, a brincadeira dos “Pretinhos". Organizada desde o início do século passado, tem como característica particular a relação com a cultura dos negros que foram trazidos para a região como escravos.
Grupo dos Pretinhos - É uma das manifestações mais antigas e populares da comunidade de Santarém Novo, município paraense situado na região nordeste do estado. É organizado desde o início do século XX, tendo como característica particular a relação com a cultura dos negros que foram trazidos para a região como escravos. Para participar do grupo tem que ser menino, ter ao menos oito anos de idade e saber dançar.
Serviço:
“Amazônia Tan Tan” 
Local: Centro Cultural Sesc Boulevard Av. Blvd. Castilhos França, 522/523, Campina, Belém – PA 
Data: 24 de janeiro, às 19h
Entrada gratuita


Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

Nenhum comentário