Entre a arte e o entretenimento games se estabelecem em todo o mundo
Um novo momento na arte começa a surgir com a aceitação, cada vez maior, que os videogames deixaram de ser simples brinquedos para serem entendidos também como uma forma de arte. Em 2012, um dos mais importantes museus do mundo - o Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) - adquiriu 40 jogos eletrônicos para integrar o acervo fixo.
Criados na metade do século XX, os jogos eletrônicos saíram de um "jogo da velha" simulado em seis tubos, como "Bertie The Brain", até gigantescas produções atuais que atingem níveis cada vez maiores de simulação e realismo. A produção de games hoje pode envolver apenas um desenvolvedor até gigantescas equipes responsáveis por gerar uma obra artística e de entretenimento.
Neste final de semana, os desenvolvedores de games de Belém participarão da Global Game Jam (GGJ) evento que ocorre simultaneamente em 108 países em todo o mundo desde 2009. Em Belém, designers, programadores, artistas, engenheiros de som e entusiastas se reúnem de sexta-feira (25) até o domingo (27) para participar do evento mundial para criar um jogo de maneira criativa e colaborativa em até 48 horas.
Durante esta semana como preparação da Global Game Jam estão sendo ofertadas oficinas gratuitamente na escola sobre ferramentas utilizadas e as etapas de criação. O evento gratuito realizado pelo grupo de desenvolvedores Game Devs Pará acontecerá na Gracom Belém, localizada na travessa Padre Eutíquio, Nº 1332, no bairro de Batista Campos. As inscrições podem ser feitas pelo site do evento (https://globalgamejam.org/ ) e as vagas são limitadas.
Um dos mais recentes exemplos de sucesso de jogo com características artísticas e inovadoras é o jogo de plataforma Celeste. O jogo lançado em 2018 contou com brasileiros na equipe de criação e concorreu ao prêmio internacional de Jogo do Ano (Game Of The Year) no festival The Games Awards - a maior premiação de videogames do mundo. Segundo o professor de jogos digitais e membro do Game Devs Pará, Carlos Henrique Melo, de 23 anos, cresce o interesse de jovens pela criação de games, que se intensifica com a possibilidade de conquistar prêmios internacionais, como ocorreu com Celeste.
"Tem uma galera que já está mais inteirada e não preciso nem falar sobre o que está acontecendo. Eles já estão torcendo. Eu e outros professores procuramos fazê-los entender o game como um produto e não só como um ato de diversão. É preciso fazer análise e pesquisa, pensar nos motivos por trás daquilo. O mercado brasileiro está se destacando no mercado de jogos, e você pode participar sendo um artista, um programador ou um músico, por exemplo", explica Carlos.
Gestor de projeto, produtor ou game designer: também conhecido como produtor, é o principal responsável por gerenciar o projeto de desenvolvimento de um jogo. É o projetista do jogo, preocupado com as regras, sistemas, design de níveis, combates e scripts. Acompanha todo o processo de desenvolvimento de um jogo ao lado de outros profissionais. Deve possuir experiência mais ampla e conhecimentos gerais de todas as áreas de um jogo. "Ele vai pegar uma ideia de uma empresa ou de alguém que teve ideia, ou é ele mesmo. O gestor vai atrás de uma equipe de desenvolvimento, vai atrás de patrocinadores. Um gestor tem que entender um pouco de tudo da ferramenta", explica um dos administradores do Game Devs PA, Khelson Farias.
Programador: é o profissional responsável pela funcionalidade técnica do jogo. Cria o jogo em código fonte (linguagens de computadores), programa a Inteligência Artificial (IA), a física do jogo, o sistema de controle e outros aspectos técnicos do jogo. "Programação em si é um algoritmo que é uma receita de bolo que a máquina vai seguir. É uma sequência lógica. É um conjunto de ordens para dar ações", explica o tecnólogo em jogos digitais Ivo Barbosa. "A vida de um game é a programação. Nunca percebem que um jogo tem uma boa programação, mas a pessoa nota quando não tem. Porque é mais imperceptível se não travou é porque está bom", complementa o colega Italo Freitas.
Artista: é o profissional com foco na arte do jogo, em como serão os personagens, cenários e objetos. Os responsáveis pelo projeto devem logo definir se o jogo será em 2D ou em 3D. "Empresas pequenas tendem a ter um gráfico mais simplificado, principalmente no Brasil, porque não tem empresas grandes. A concept art [arte conceitual] entra na parte gráfica e é uma ilustração normal em que se vai ter uma ideia da ambientação, dos cenários, dos personagens. Esta ilustração vai ser uma ideia do que será aquele jogo", afirma o artista gráfico Filipe Valente, de 35 anos.
Testador: especialista que analisa o bom funcionamento do jogo. Os testadores são responsáveis apontar erros e acertos no projeto para melhor finalização. Verificam bugs, a diversão dos jogadores, facilidade de controles, portabilidade e outros itens. Além de profissionais qualificados da indústria de games, as empresas também disponibilizam versões iniciais para jogadores comuns darem suas impressões.
Compositor/Sound designer: responsável pelas trilhas sonoras e cria todos os efeitos sonoros do jogo. Em equipes grandes as funções podem ser divididas, já em equipes independentes, muitas vezes, o mesmo profissional é responsável pelas duas funções. "Isso é ambientação do game. Dependendo do tema vai ter que pensar naquilo que vai incorporar o jogo e dar vida a ele. A música e os sonos são a direção das emoções, é o que vai dar a sensação em um ambiente de terror por exemplo", garante o engenheiro de som Gabriel Lanhellas.
Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)
Post a Comment