Diego Wayne lança livro "Coração de Unicórnio" com compilado de poemas




"És meu Adão/ Sou teu Adão/ porque assim decidimos./ Unimos nossas costelas/ e que mal tem isso?!", indaga o escritor Diego Wayne, em um trecho do poema Costelas. Os versos traduzem um pouco da produção literária do jovem poeta, que por meio da arte das palavras aborda temas como preconceito, homofobia, desigualdade e sentimentos humanos, como paixão e raiva. Hoje, Diego lança o primeiro livro da carreira: "Coração de Unicórnio", às 19h, no Café com Arte.
A capa do livro já revela: os poemas se referem a assuntos da comunidade LGBT+. A publicação traz um compilado de poemas do autor ao longo de dez anos, que refletem muito da vivência com o bullying com o qual Diego foi obrigado a conviver, principalmente na escola. "A escrita parte de uma inquietação. Algo faz você querer escrever. A questão do bullying, da minha sexualidade, isso fez eu querer escrever", explica o escritor. "Esses problemas de aceitação, o encontro comigo mesmo, o que fazer pra me aceitar... Tudo isso desencadeou o livro, foi aí que comecei a escrever o poemas", acrescenta.
Atualmente, Diego retorna às salas de aula, mas como professor da rede pública estadual de ensino. Ele, que leciona Língua Inglesa e Artes, conta que apesar dos anos que se passaram, algumas situações ainda continuam precisando de enfrentamento até hoje, assim como na adolescência. "Ainda passo por essas coisas, escuto piada de aluno. Acho que eu nunca vou estar livre disso. A gente vive em um dos países mais preconceituosos do mundo. Hoje eu consigo me abater menos. Só é ignorante quem realmente quer, tem tanta informação, internet. Acho essas coisas pequenas, não dou tanta importância. Às vezes choro, mas não tanto quanto quando era adolescente", relembra.
Só aos 31 anos, Diego se sentiu preparado para a primeira publicação, que traz como ponto central a homoafetividade, mas também discute outros universos do escritor ao longo de uma década de dedicação à escrita "Só agora achei que estou pronto pra me expor dessa forma", conta. Para ele, apesar de um tema central, a diversidade também na escrita é importante. "Acho que uma pessoa não é um ser único, não é só uma coisa. Meu livro é diversificado. Tem a questão do tempo, da infância. Falo muito sobre amor, sentimentos humanos... Tentei casar os poemas, não queria que ficasse só um assunto, queria que tivesse uma cara, uma identidade, procurei casar esses poemas pra não ficar confuso", conclui.


Fonte: O Liberal/Cultura (Texto e Foto)

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