Coletivo pede ajuda para reformar bicicleta usada em ações educativas
O ano era 1839. Dentro do contexto da Revolução Cabana, em meados do Século XIX, surge o nome de uma mulher negra que viveu escravizada, mas lutou até a morte. Maria Lira Mulata cravou seu nome na história ao lutar por um ideal de vida, sendo uma voz da resistência.
“A Revolução Cabana já é oculta dos próprios paraenses que acabam não tendo nenhuma referência em sala de aula. A participação da mulher, então, é mais apagada ainda. Quando se fala desse movimento, a História lembra nomes de grandes homens, sejam aristocratas ou não, mas ninguém fala das mulheres, que ficam como se não tivessem existido no período”, avalia o midiativista Ângelo Madson, sociólogo por formação e criador da Idade Mídia Comunicação para a Cidadania, um projeto de Rádio comunitária que funciona como uma plataforma de cursos para a formação e capacitação de agentes da comunicação popular, com destaque a produção do rádio, e que tem como extensão uma rádio na internet, a Idade Midia.Org, que opera 24 horas.
Foi o nome de Maria Lira o escolhido para batizar a Bike som do Projeto Ciclo Sonoro, criado pela Idade Mídia para dar suporte a suas ações com crianças, jovens e adultos, que envolvem cursos, laboratórios e oficinas de radio teatro, artesanato sonoro e radiojornalismo.
A bike surgiu com essa proposta de uma rádio-estúdio, para a comunicação popular, no formato do que se classifica como "educomunicação". Ela já foi usada nas ruas, inserida nas lutas de movimentos sociais. Momentos em que, diz Ângelo, a outra Maria Lira é lembrada. “Foi uma honra quando Maria Lira (bike) foi colocada diante de centenas de pessoas lembrando essa luta feminina durante a programação de um ato em homenagem a Marielle Franco, vítima de homicídio neste ano”, conta.
A ideia agora é que a bike Maria Lira funcione em FM itinerante sem que ela ficasse presa a fiações, ampliando as possibilidades de atuação da Idade Mídia. Mas para que isso se torne realidade, ela precisa passar por uma grande reforma. "Os gastos são essencialmente com as reformas eletroacústica e mecânica, que giram em torno de R$ 4,5 mil", conta Ângelo.
A rádio lançou um financiamento coletivo pela internet, mas arrecadou apenas R$ 250. "Nós paraenses ainda não temos essa cultura de fazer essas doações financeiras. Inscrevemos o projeto no site "benfeitoria", que é bem conhecido, e para cada nível de colaboração existe uma recompensa. O estilo que eu fiz foi o "Tudo ou nada", que significa que ou todo mundo ganha ou todos perdem", explica. Nesse caso, em que a meta não foi alcançada, todos os apoiadores recebem seu dinheiro de volta.
Agora, Ângelo diz que pretende se reunir com os integrantes do Coletivo Idade Mídia para que juntos definam metas e novas estratégias para a reforma do veículo.
Sociólogo por formação, Ângelo Madson que atua ainda como “midiativista” conta que retomou o nome dessa personagem emblemática da resistência porque acredita na importância de se destacar a participação ativa da mulher naquele contexto de lutas.
Fonte: (Wal Sarges/Diário do Pará)
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