Encontro Literário traz Mary Del Priore à Feira do Livro
O
Encontro Literário desta quarta-feira ( 06) trouxe para a 22ª Feira
Pan-Amazônica do livro a escritora e doutora em história Mary Del Priore,
autora de mais de 40 livros sobre história. Seus trabalhos, como ela mesmo
define, pretendem trazer uma história acessível do povo brasileiro ,
“para todos os leitores, sem salto alto, sem palavrórios que a universidade
exige e que dê prazer às pessoas em ler”, como ela mesma
definiu.
Entre
os mais de 40 livros de Mary Del Priore estão a “História do Corpo no Brasil”,
organizado em parceria com Marcia Amantino; “História do esporte no Brasil”,
organizado em parceria com Victor Andrade de Melo; “A presença dos mitos em
nossas vidas”; “História dos homens no Brasil”, organizado em parceria com
Marcia Amantino e “Ao sul do corpo”.
A
escritora carioca é considerada uma das historiadoras de maior destaque no
Brasil exatamente por unir em seus livros pesquisas históricas riquíssimas a
uma narrativa de fácil entendimento para o leitor não especializado.
No
Encontro Literário, a autora falou sobre o último livro da tetralogia
“Histórias da gente brasileira”, na qual a pesquisadora tratou dos quatro
períodos da história brasileira, sempre a partir de três perspectivas: a da
terra e do trabalho, a do supérfluo e ordinário e os ritmos da vida que vão do
nascimento à morte.
Neste
quarto e último volume ela retoma uma tese de que a sociedade brasileira é uma
sociedade conservadora, que esposou e aderiu à revolução de 64. Para ela, a
ditadura brasileira não pode ser apenas chamada de ditadura militar e sim
ditadura social e militar. Para a autora houve uma adesão da sociedade
brasileira à ditadura, principalmente pela classe média encantada com o grande
consumo registrado no período.
Ela
explica que os anos 60 e 70 foi um momento em que houve uma migração do campo
para as grandes cidades, além do projeto da ditadura civil e militar de criar
infraestrutura, portos, estradas, pontes, e estatais, que multiplicou os
empregos. Priore explica que, a partir daí, as pessoas com emprego passaram a
ter carteira assinada, décimo terceiro, férias. “Criou-se uma classe média e,
no momento, a gente esquece tudo isso, da explosão da indústria
automobilística, todo mundo queria ter seu fusca, sua televisão, todo mundo
queria sair de férias, frequentar os shoppings centers. Todo mundo queria
viajar, o turismo explode após os anos 70”, conta a autora.
Ela
comenta que, ao consumir, o brasileiro esquece de pensar a politica. “São dados
históricos. A classe média foi empurrada para um consumismo que é uma coisa que
a consome hoje, pois o povo brasileiro se tornou um grande consumidor, que
gasta e está sempre endividado”, explica a historiadora.
Ainda
no encontro, a autora disse que a ditadura social e militar foi um processo que
fez alguns sofrerem, principalmente os jovens estudantes. “Estes jovens se
sentiam movidos por suas ideias libertárias, onde havia uma dose de ingenuidade
muito grande. Esses meninos representavam a sociedade brasileira? Não!”,
argumenta ela.
“A
sociedade brasileira é conservadora e é este consumismo que alimenta
o conservadorismo que é característica há quase cem anos no Brasil. Como lutar
contra isso? Investindo mais em educação e combatendo este consumismo
desenfreado no qual nós vivemos. Nós não podemos viver em uma sociedade onde a
nossa única função é consumir. Estamos consumindo o planeta. O meio ambiente,
consumindo bobagens”, critica a autora.
Serviço: A 22ª
Feira Pan-Amazônica do Livro está sendo realizada de 2 a 10 de junho, no Hangar
Centro de Convenções e Feiras da Amazônia, de 8 às 22 horas. A entrada é
franca. Confira a programação completa do evento em feiradolivro.pa.gov.br
Por
Márcio Flexa
Fotos:
Eunice Pinto
Fonte: Site da Feira Pan-Amazônica
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