Encontro de Cordelistas da Amazônia reforça participação das mulheres
A terceira edição do Encontro de Cordelistas da Amazônia destacou a importância da participação feminina na literatura de cordel. Para falar sobre o assunto, a cordelista sergipana Izabel Nascimento, deu o recado sobre as críticas ao comportamento da mulher considerada submissa numa relação ao recitar o cordel “Receita da boa mulher”. O encontro foi realizado
neste sábado (9) na sala do auditório
Dalcídio Jurandir, na 22ª edição da Feira Pan-Amazônica do Livro, no
Hangar, em Belém.
Entre aplausos e boas gargalhadas
disparadas do público que a ouvia, formado por cordelistas paraenses,
estudantes e professores, Izabel Nascimento defendeu que “a presença da mulher
no cordel é muito mais organizada e mais profunda do que tem analisado sobre a
participação dos homens, o que não as coloca em posição diferente”, disse ela.
A cordelista explicou que por mais que
seja um público ainda reduzido, as mulheres estão atuantes e organizadas em
grupos nas redes sociais. “Então, essa realidade é resultado de uma resistência
das mulheres, porque o universo do cordel é predominantemente masculino e com
mais idade, mas hoje temos um grupo de mulheres mais jovens que vem ganhando
destaque no Brasil”, explicou.
Ela destaca como exemplo a publicação
da obra “Das Neves às Nuvens I – Antologia das Mulheres do Cordel Sergipano”,
lançada este ano com a história e o trabalho de 17 mulheres cordelistas de 15 a
87 anos de idade, 80 anos após a primeira mulher cordelista Maria das Neves
Batista Pimentel ter escrito um folheto e publicado com o nome do esposo.
Izabel Nascimento reforça que além da
homenagem à primeira cordelista brasileira a antologia sergipana retrata a
organização das mulheres e chega para reforçar “o contato enorme de mulheres
cordelistas pelas redes sociais que estão escrevendo, e o passo seguinte da
publicação será uma organização nacional das mulheres do cordel”, anunciou.
Educação - Ao participar do
encontro, o professor e mestre em História, Geraldo Neto, disse que o futuro do
cordel está na educação e pode servir como instrumento didático na sala de
aula, auxiliando a instruir o aluno nos debates importantes e atuais da
sociedade, além de servir como facilitador do aprendizado das disciplinas por meio
da leitura e da escrita do cordel. “Como trabalho o cordel em sala de aula com
os alunos do 6° e 7° anos do ensino fundamental numa escola municipal de
Mosqueiro, existem muitos folhetos de cordel que podem servir para ajudar a
ensinar as disciplinas e outros assuntos importantes. E o cordel tem a
capacidade de transformar uma linguagem considerada difícil em uma de fácil
compreensão, principalmente para os jovens”, afirmou o professor.
Na plateia com os alunos do município
de Ourém, a professora de Língua Portuguesa, Elaine Cristina Rodrigues da
Silva, disse que o encontro será o ponto de partida para trabalhar a disciplina
com as turmas do terceiro ano do ensino fundamental das três escolas estaduais
do município de Ourém que participam da Feira do Livro, a escola Maria do
Socorro Oliveira Rocha, a escola Padre Antônio Vieira e a escola Irmã Sandra
Augusto. “Desde 2014 nós organizamos uma excursão para os alunos da Feira do
Livro participarem do Encontro de Cordelistas. É uma experiência maravilhosa
para eles e um choque de realidade já que a maioria participa pela primeira vez
da Feira. A partir do encontro, ganho força para trabalhar a literatura do
cordel em sala de aula”, explicou a professora que pretende trabalhar o cordel
com outras disciplinas.
O III Encontro de Cordelistas da
Amazônia trouxe aos participantes homenagens, recitais de cordel e a
participação de cordelistas de Belém e de outros municípios, como o presidente
da entidade, Cláudio Cardoso, João de Castro, Antônio Juracy Siqueira e Apolo de
Caratateua, além de professores e alunos que prestigiavam o evento. O patrono
da Academia Paraense de Literatura de Cordel, Vicente Salles, já falecido,
também foi homenageado. Quem recebeu a medalha e o diploma da homenagem póstuma
foi a viúva Marina Sales.
Também foram empossados acadêmicos dos
municípios de Uruará, Igarapé Miri, Senador José Porfírio, Capanema e São
Sebastião da Boa Vista.
Texto: Julie Rocha
Fotos: Eunice Pinto
Fonte: Site da
Feira Pan-Amazônica
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