'Papa Francisco: Conquistando Corações' vai da infância à vida simples como cardeal
Há quatro anos no Vaticano, o primeiro papa argentino, Francisco, tornou-se uma referência entre os líderes mundiais, por suas manifestações contra a desigualdade e a pobreza. Era questão de tempo ver cinebiografias suas nas telas, o que acontece agora em “Papa Francisco: Conquistando Corações”, um título nacional que não deixa dúvidas quanto ao caráter elogioso da obra do diretor Beda Docampo Feijóo.
Baseado em livro de Elisabetta Piqué, o filme dispõe-se a contar a história de Jorge Mario Bergoglio, seu nome de batismo, desde a infância, numa família de classe média de origem italiana, passando pela adolescência, quando descobriu a vocação religiosa – para desespero de sua mãe, que sonhava vê-lo médico.
A história não se detém muito nesse período e sim na vida adulta do já cardeal de Buenos Aires (interpretado com afinco pelo ator Dario Grandinetti, de “Fale com Ela”). A ênfase está em situar o cardeal como uma pessoa de hábitos simples, que usa o transporte público e anda pelas ruas da capital portenha, abrindo mão inclusive de seu palácio, entregue a atividades educacionais e de catequese.
Usando como recurso narrativo a participação de uma jornalista espanhola, Ana (Silvia Abascal), que se torna amiga do religioso, destaca-se a personalidade despojada do padre Jorge – como ele sempre insiste em ser chamado -, em sua missão evangelizadora junto a pobres e favelados de Buenos Aires.
Papa contra ricos e contra ditadura
Também se abre espaço a seus enfrentamentos com uma parte da elite rica do país, bem como com os militares que o comandaram na ditadura 1976-1983.
Um episódio singular, neste sentido, mostra o cardeal escondendo um militante político no porta-malas de seu próprio carro, passando por uma barreira policial até conduzi-lo, são e salvo, ao aeroporto, de onde fugiria do país. Da mesma forma, ele vai pessoalmente interceder por dois religiosos presos no gabinete de altas autoridades militares, sendo ameaçado de morte.
Um outro aspecto é a relutância com que Bergoglio encara a possibilidade de tornar-se papa, o que acontece pela primeira vez em 2005, quando acabou como segundo colocado, perdendo para o cardeal Joseph Ratzinger, que se tornaria Bento 16. Com sua renúncia, o argentino finalmente seria eleito para o posto em 2013, levando com ele sua filosofia de simplicidade no ambiente luxuoso e burocrático do Vaticano.
Feito com carinho mas visível compromisso em não polemizar, o filme é agradável mas certamente não é o que um papa com esta personalidade e importância merece. Usando uma comparação religiosa, será um instrumento de confirmação para os já convertidos.
* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb
Fonte: G1
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