Carimbó recebe título de patrimônio do Brasil



O título de patrimônio cultural imaterial brasileiro será entregue hoje, ao carimbó paraense. A cerimônia acontece a partir das 18 horas, no Palácio Lauro Sodré, onde funciona o Museu do Estado, no Largo Dom Pedro II, na Cidade Velha. Do ato, que integra a programação da Semana do Patrimônio Paraense, promovida pela Associação dos Agentes de Patrimônio da Amazônia (Asapam), com o apoio da Coordenação Estadual da Campanha do Carimbó,.devem participar os detentores do ritmo genuinamente paraoara e todos os que cultuam, compõem, executam e dançam carimbó. 
A entrega será precedida de uma mesa-redonda, marcada para as 15h, que discutirá a política de valorização do patrimônio imaterial brasileiro, com a presença de TT Catalão, do Departamento de Patrimônio Imaterial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (DPI/IPHAN); Isaac Loureiro, da Campanha do Carimbó; Alessandra Ribeiro (Jongo Dito Ribeiro/Campinas-SP), e Neto de Azile, do Comitê Gestor do Tambor de Crioula-MA. Eles discutirão políticas de salvaguarda do patrimônio imaterial e a história e patrimônio cultural indígena na região amazônica.
Também será instalado hoje o Comitê Gestor da Salvaguarda do Carimbó, composto por mestres e representantes de grupos de carimbó indicados durante o I Congresso Estadual do Carimbó.
Inscrito no Livro de Registro das Formas de Expressão no dia 11 de setembro de 2014, o carimbó passou a ser reconhecido como patrimônio cultural imaterial brasileiro, uma vitória festejada pelos artistas paraenses que se expressam através da música original do Estado, especialmente nas regiões praieiras do nordeste do Pará, como Marapanim, Vigia de Nazaré, Curuçá e Bragança, e no Arquipélago do Marajó, onde também é apreciado.
Um longo processo foi necessário, mas o registro foi aprovado por unanimidade, em Brasília, pelo Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, integrado por representantes do governo federal e da sociedade civil organizada. O ritmo foi criado no século XVII por negros africanos radicados na região nordeste do Pará, com influências das culturas indígena e portuguesa, tornando-se uma das mais tradicionais formas de expressão cultural, pela música, no Pará, e na Amazônia. Para celebrar o registro, em Belém, foi realizado um ato público com a presença da então ministra da Cultura, Marta Suplicy, cuja opinião, então expressa, é de que, sem o reconhecimento do Estado, uma expressão cultural tende a desaparecer. 
A formalização do pedido foi feito pela Irmandade de Carimbó de São Benedito, da Associação Cultural Japiim, da Associação Cultural Raízes da Terra e da Associação Cultural Uirapuru, com abertura de processo junto ao Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan, que pesquisou as raízes desse tipo de música em diversas localidades. O resultado foi o “Dossiê Carimbó”, que objetivava ser referência documental sobre o tema, abrindo-se para visitação e sugestões até ser transformado no documento final.
Segundo a pesquisa, o nome carimbó vem do termo tupi korimbó, que significa “pau que produz som”, mais a junção de curi (pau oco) e m’bó (furado e escavado). Atualmente, a expressão carimbó remete a festa, música e coreografia, com canções alusivas aos elementos da natureza, especialmente à fauna e à flora, presentes no dia a dia do povo paraense.