Recital revela talento paraense

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O Recital dos Cantores Líricos Paraenses, hoje (3), na igreja de Santo Alexandre, no centro histórico de Belém, vai reunir 14 belas vozes paraenses, entre sopranos, tenores e barítonos. Os cantores interpretarão canções e árias de óperas famosas e conhecidas de compositores como Mozart, Gaetano Donizetti, Verdi e Carlos Gomes, entre outros. O recital faz parte da programação do XIV Festival de Ópera do Theatro da Paz, que é realizado pelo Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult). 

Os solistas são Andrey Mira, Antonio Wilson, Dhuly Contente, Elizabeth Mello, Idaías Souto, Ione Carvalho, Jéssica Wisniewski, Juliane Lins, Kézia Andrade, Lanna Bastos, Luciana Tavares, Raimundo Mira, Thaina Souza e Tiago Costa. Durante ensaio na igreja de Santo Alexandre, na última terça-feira, 1, os cantores puderam fazer os ajustes finais e foram orientados de perto pelo diretor artístico do festival, maestro Mauro Wrona, e pelo diretor geral do festival, Gilberto Chaves. 

Os 14 intérpretes do recital possuem bela trajetória no cenário lírico paraense, como é o caso do professor de canto, o baixo-barítono Raimundo Mira, de 45 anos, um dos mais experientes do grupo. “Como professor de canto, me sinto muito feliz em participar do recital junto com jovens tão talentosos. Este evento é uma oportunidade grande de mostrar tudo o que já aprenderam, além de colocar os professores de canto do Estado em evidência”, declarou o professor.

Este ano, o evento terá um sabor especial para Raimundo, já que ele dividirá o palco com o filho, o baixo-barítono Andrey Mira, de 24 anos. “Tenho mais de 20 anos cantando, mas esta será a primeira vez que participarei do recital dos cantores paraense. Foi um convite da direção do festival que me honra muito, pois meu filho também está no recital. Já cantamos juntos outras vezes, mas em um recital só com artistas paraenses, será a primeira vez. É sempre muito bom cantar junto com o Andrey, pois é um jovem muito dedicado e talentoso. Vamos interpretar juntos ‘I Puritani Suona La tromba’, de Vicenzo Bellini”, contou. 

Assim como Raimundo, Andrey também se sente honrado em dividir o palco com o pai e professor. “Tudo que sei aprendi com ele, que foi meu preparador, meu conselheiro, meu amigo, enfim, quem sempre me incentivou não só na carreira artística, mas também na vida. Me sinto honrado em fazer um dueto com ele e, por ser o meu pai, posso dizer que será tudo muito divertido”, comemorou Andrey. 

Apesar de jovem, Andrey já possui uma vasta trajetória profissional que inclui participações em recitais e óperas de compositores famosos. “Comecei quando criança estudando violino, depois iniciei meus estudos no Conservatório Carlos Gomes e em seguida fui para a Escola de Música da UFPA. Daí em diante, vieram novas conquistas que me renderam participações maiores em recitais e grandes óperas. Nesta edição do festival, estou no elenco de ‘Os Pescadores de Pérolas’ e isso me deixa muito feliz. A responsabilidade é grande, mas sei que posso fazer um bom trabalho”, contou. “Sempre busquei tudo isso, mas ainda tenho muito chão pela frente. Já cresci bastante, mas sei que ainda posso melhorar, por isso estou sempre estudando e me dedicando”, completou o jovem baixo.

A soprano Dhuly Contente, de 23 anos, dispensa apresentações. Dona de um talento extraordinário, a jovem é uma das grandes promessas do canto lírico paraense. “Comecei a cantar profissionalmente aos 17 anos e essa idade, tecnicamente para um músico, é considerado tarde. Gostava de cantar desde criança na igreja do meu bairro, mas minha condição financeira não permitia levar o sonho da música adiante. Somente depois é que consegui ingressar em um curso técnico de canto lírico e em seguida vieram a licenciatura e o bacharelado em música”, contou Dhuly. 

No currículo, destaque para a participação de Dhuly como solista no recital “As Bodas de Fígaro”, interpretando Susanna, em uma montagem da Fundação Carlos Gomes, além de um solo como Marcelinna, da ópera “Fidelio”, com orquestra e coro no encerramento do “36° Civebra - Curso Internacional de Verão de Brasília”, sendo a única solista de fora da capital federal no evento. “Em três anos tive muitas conquistas. Comecei tarde, mas as coisas aconteceram muito rápidas na minha vida”, disse a jovem.

Moradora da comunidade da Vila da Barca, na periferia do bairro do Telégrafo, a jovem soprano ultrapassou qualquer expectativa que poderia ter e já cantou na Itália e nos EUA. “Tudo que conquistei é fruto de muito trabalho, muita entrega e muito amor, mas o Festival de Ópera do Theatro da Paz foi a minha vitrine. Foi por meio desse evento que me tornei conhecida e sou muito grata pela oportunidade que me deram. Quando olho para trás, tenho a certeza do quanto sou abençoada por Deus. Mesmo sem condições financeiras e morando na periferia, consegui me firmar profissionalmente”, declarou Dhuly.

Para Gilberto Chaves, reunir essas vozes em um recital é a prova inconteste de que o Pará já tem uma tradição de grandes cantores. “Há quinze anos não poderíamos imaginar um evento assim. Desde que começamos a produzir o Festival, estamos vendo e acompanhando uma verdadeira escola paraense de canto se consolidar. Já vimos o aparecimento de vozes como a de Atalla Ayan e Adriane Queiroz, que hoje brilham em palcos mundiais, mas que saíram do nosso coro, assim como o Andrey Mira. Isso nos dá uma imensa satisfação e a certeza de que estamos em um ótimo momento musical”, considerou Gilberto.

A programação do XIV Festival de Ópera do Theatro da Paz prossegue nos dias 9, 11, 13 e 15 de setembro, com as récitas da ópera “Os Pescadores de Pérolas”, de Georges Bizet, com direção cênica de Fernando Meirelles. Os ingressos estão esgotados, mas a récita do dia 15 será transmitida ao vivo pela TV Cultura do Pará. O Festival termina com o Concerto de Encerramento (ao ar livre), no dia 19 de setembro, às 20h, em frente ao Theatro da Paz, este com entrada gratuita. O concerto tem patrocínio do Banpará, por meio da Lei Rouanet.

Serviço

Recital dos Cantores Líricos Paraenses

Hoje (3), às 20h, na igreja de Santo Alexandre

O ingresso custa R$ 20,00

Programação do XIV Festival de Ópera do Theatro da Paz