Paragominas – Morre o escritor Américo Leal Viana

Estou reproduzindo matéria publicada no site Jorge Quadros que registra a morte do escritor e poeta Américo Leal, ocorrida esta semana em Paragominas. Durante algum tempo Leal morou em Capanema, onde exerceu a função de secretário municipal de comunicação social, no primeiro  Governo de Eslon Martins. É uma grande perda para a literatura e o jornalismo paraense.  (PV)

Faleceu na manhã de hoje o escritor paraense Américo Leal Viana que por longos anos da sua vida prestou serviço em Paragominas como diretor de TV, repórter, idealizador de muitos sonhos e projetos. Foi diretor da TV Paragominas, passou pela TV Ouro Verde e chegou a ser assessor de comunicação da Prefeitura Municipal. Depois Leal foi morar em Capanema para também exercer sua atividade de assessoria na área de comunicação.

UM GRANDE AMIGO

“Há muitos anos, quando Paragominas se desenvolvia vertiginosamente na área madeireira, chegamos a trabalhar juntos num programa da WWF, denunciando alguns desmandos florestais. O programa foi veiculado nacionalmente e isso nos proporcionou algumas dores de cabeça. Leal era redator (e dos bons) do jornal que apresentávamos na TV Paragominas. Em seguida fomos de ‘mala e cuia’ para a TV Ouro Verde, onde dividíamos algumas matérias e depois, tempos depois, estávamos juntos novamente na TV Paragominas. No primeiro concurso público para a Prefeitura, estudamos juntos a noite inteira, saboreando uma dose de pinga com limão e alguns tira-gostos recheados de poesias. Ele passou em primeiro e eu em segundo lugar.

Américo Leal escrevia como poucos e tinha uma facilidade imensa de dizer o que escrevia. Orgulhoso, me chamou para escutar sua narrativa do conto ‘Puta que pariu de cupuaçu’. Um presente inesquecível.

Foram muitos feitos em várias gerações. Eu me afastei dele geograficamente e ele percebeu o desejo intrínseco que nascia no jovem escritor Jorginho Quadros, meu filho. Grudou nele. E viveram muitos momentos juntos. Jorginho, homenageando-o nesta despedida, disse: ” Hoje perdi um grande amigo. Compartilhamos muitos cafés, muitos momentos familiares na companhia do cupuzeiro, na companhia de estantes encantadas, na luz das palavras inauditas, na complacência das borboletas invisíveis, na distância que se alarga para além da vida. Sinto imensamente esta perda. Américo Leal Viana é um dos maiores escritores que este Pará já teve. É autor do livro Borboletas Invisíveis, publicado pelo IAP. Tive a oportunidade de conhecer e examinar uma obra vasta e maravilhosa que permanece inédita em razão dos problemas de saúde que vinha enfrentando. Amigo, que seja paz onde estejas. Meus sentimentos a toda a família em nome do amigo Rafael Estumano Leal. Que Deus conforte seus corações”.

Para que seja eterno o sentimento que toma conta deste coração já meio andado, meio rodado, meio cansado, aceno com a mão direita um lenço branco imaginário dando-lhe um adeus e dando-lhe à Deus a incumbência de marcar um encontro para qualquer dia em qualquer lugar. Seu tempo expirou velho guerreiro das letras e dos sonhos… mas sua arte permanecerá eternizada nas prateleiras das bibliotecas onde descansam os grandes e ilustres escritores.

Vá com Deus amigo!

Jorge Quadros