No balanço dos rios
Mais do que apenas registrar em imagens os rios paraenses, a pesquisadora Cláudia Leão tem buscado, ao longo de suas viagens fluviais - que começaram em 2013 para os municípios de Breves e Chaves, no Marajó - estabelecer com eles uma vivência. O mais recente resultado dessas experiências de ‘incorporação da paisagem” é o que ela mostra agora, na Casa das Onze Janelas, até o dia 27 de setembro, na exposição “Atlas, paisagens e pele: fluxos de viagens na Amazônia insular”, que recebeu o XIV Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia, do Ministério da Cultura. Da mostra também participam, com desenhos e textos, seus companheiros de viagem, os artistas Paulo Meira e Luana Peixoto e a pesquisadora Dimitria Leão.
Cláudia percorreu os rios Amazonas e Xingu, convivendo com a paisagem e as pessoas - o que será visto através de fotografias, vídeos e instalações. “Há uma necessidade fundamental de expansão dos conceitos paisagem para além da contemplação, pois as paisagens que interessam a este trabalho são constituídas do entrecruzamento entre corpo e ambiente, que se retroalimentam em processos de incorporação” diz ela. “Do corpo-pele (a capa de todas as nossas superfícies) como paisagem, do corpo como ambiente em que tudo se mistura.” A pesquisadora cita, como sua referência, o conceito de “vivência intencional” do antropólogo japonês Tetsuro Watsuji, para quem “a paisagem nada mais é, ou fundamentalmente é, o prolongamento do nosso corpo”.
Segundo a professora Marisa Mokarzel, “Cláudia Leão procura compreender e sentir o que há muito tempo se tem esquecido: essa interação homem-natureza, por isso volta-se para o seu lugar e envolve-se com ele na perspectiva de ir e seguir sempre. A intenção de integrar-se e de imergir-se na paisagem que contém a si mesma e os outros, faz com que o individual e o coletivo se imbriquem conduzindo a uma compreensão mais ampla do mundo”. Cláudia Leão complementa: “Uma das coisas que acontecem no meu trabalho é ser como ele é.
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