A maestria de um (D) eficiente visual




O texto que reproduzo abaixo não se trata de lamento ou desilusão, o autor Mauro Gomes da Rocha (foto), expressa seus sentimentos por uma fatalidade que aconteceu com ele, a perda da visão. Caracterizo o caso do Mauro como ironia do destino e decisão de Deus que lhe tirou um dos sentidos, dando-lhe carga máxima de inteligência.
O texto que Mauro escreveu, refere-se a um trabalho escolar ministrado pela professora Karina Macedo, da Escola Estadual Marechal Cordeiro de Farias, em Belém, instituição que ele estuda.
O Mauro sempre vem a Capanema desenvolver ainda mais sua inteligência, operando com eficiência um computador, adaptado com programas para deficientes visuais. O considero como verdadeiro “guerreiro”, e a ele bato continência, pois é um exímio professor. O relato de Mauro não é traduzido como desabafo ou desilusão, mas sim, com precisão de sua capacidade intelectual, fator que tem contribuído para que ele prossiga sua vida, superando as dificuldades e agindo como pessoa normal.
Associo-me aos sonhos que o Mauro tem, uns deles já conseguidos e outros que ainda estão por vir, pois Deus está acima de tudo e certamente, Mauro e outras pessoas portadoras de necessidades que também almejam sonhos possam recebê-los, pois quem espera sempre alcança.


“O ÚLTIMO DIA - Era mês de maio do ano de 2005, não recordo exatamente o dia mas lembro como se fosse hoje.
      Era uma manhã ensolarada típica do interior, levantei com aquela
disposição, dei uma olhada ao meu redor, bateu aquela preocupação que já alguns dias vinha me aterrorizando, dei uma esfregada nos olhos e mais
uma vez olhei em volta, continuou a mesma coisa, via embaçado. "Meu Deuso que será de mim" pensei.
    Os dias que antecedia esse acontecimento estavam a cada momento se
passando como um flash em minha memória, pois eu tinha uma certeza de que um dia teria que ser  dependente, ou seja, como eu imaginava
todo instante, inútil. Enfim, mesmo com essa cascata de pensamento
negativo, tentava levar a vida da maneira que antes , sendo que não era
a mesma.
    Então como todo os dias eu tinha que ir pra escola, aquele não foi
diferente, aos trancos e barrancos fui afinal era o que eu gostava de
fazer, pois tinha sonhos a ser conquistados.
    Era satisfação em ter que estudar, mas era o meu maior pesadelo,
devido a então limitação que já me afetava de maneira bem sutil. Já  sentado em uma das primeiras  carteiras de minha sala de aula,com o meu caderno, material o qual não conseguia mais usar ,me punha a pensar na decisão que tinha que tomar naqueles dias. 
Sabendo da eminente angustia que assolava meu coração em ter que decidir algo contra a minha própria vontade, era a  briga entre eu e eu em que eu era vilão e ao mesmo tempo o protagonista principal,  enfim, sai cabisbaixo sala a fora já não conseguia prestar  atenção a nada ao redor nem no que falavam.
    Há uma certa distância me limitei a olhar para escola com os olhos
em lagrimas e o coração partido, tinha decidido contra minha vontade que já não poderia mas continuar a fazer o que eu mais gostava.

Chegando em casa dei a triste noticia ao meu pai, ele entendendo minha situação apoiou-me pensando que tinha morrido ali um sonho, mas o tempo passa, e dessa vez foi em meu favor. Hoje posso dizer que
superei aquela limitação que um dia me limitou e dei a volta por cima”.